Inner Ghosts – Fantasmas Interiores
A HISTÓRIA: Helen é uma investigadora que procura desenvolver uma terapia revolucionária para tratar doenças degenerativas do cérebro como o Alzheimer. Para provar as suas teorias, ela necessita de fazer testes cognitivos em fantasmas. O problema é que Helen renunciou o seu dom de comunicação com os mortos há 15 anos, após a morte da filha, tendo jurado jamais entrar novamente em contato com o outro lado.
Por enquanto só podemos especular sobre o que levou o realizador João Alves (“Morcegos no Campanário”) a não seguir em frente com o seu projeto de longa data e consequentemente "Inner Ghosts – Fantasmas Interiores" acabar por "cair" nas mãos de Paulo Leite, produtor que aqui assume o crédito como realizador.
Divergências artísticas são as palavras em voga para estas “trocas e baldrocas” e Hollywood é perita nesses comunicados. Portanto, se a visão original de João Alves é uma projeção que eventualmente poderemos nunca vir a conhecer, o que restou é uma simples réplica com a intenção de continuarmos no escuro e nunca reerguermos qualquer tipo de indústria.
Filme falado em inglês (com atores britânicos e portugueses), “Inner Ghosts – Fantasmas Interiores” é todo um aglomerado de tendências do mercado do terror atual e não parece disfarçar os gestos copistas, nem sequer esconder as suas ausentes ambições para ser mais do que o conformista “mais do mesmo” (com menos recursos).
Das assombrações que se entrelaçam com investigações do foro psico-paranormal (com as desculpas mais esfarrapadas quee podemos encontrar) até à escolha da atriz Celia Williams de mimetizar os tiques de Lin Shaye (tardia "scream queen" da saga "Insidious"), tudo diluído num "tratado" que encaram como argumento (rebuscado e despachado nem qualquer noção), chega a ser triste, ou mesmo desolador, como esta investida de cinema género à lusitana se perde ao colar-se às convenções que os "gringos" pisaram e continuam a pisar sem pudor.
Em nome do mercado que recompensa nas bilheteiras estes “esforços” regidos a régua e esquadro, o que fica é uma tentativa de “imitar” sem ter em qualquer conta a realidade do seu mercado... interior, como o subtítulo português parece indicar. O que fica é um produto "série Z" que deseja sobretudo passar por aquilo que não é e levar o espectador ao engano.
Face aos resultados, João Alves pode ficar de consciência tranquila, mas o cinema português merecia muito mais, inclusivamente nos seus próprios fracassos.
Por esta medida, “coisas” como “Linhas de Sangue”, de Manuel Pureza e Sérgio Graciano, que passou pelos cinemas nacionais há quase dois anos e corre para o título de pior filme português, possuem mais valor por causa dos riscos que correm. Até nos nossos fracassos devemos exigir originalidade e pretensões, nada do que entra neste objeto recauchutado que é em "Inner Ghosts – Fantasmas Interiores".
Fica uma nota final para o eventual público que deseja contrariar as nossas indicações e arriscar: se sofrer de epilepsia ou qualquer género de fotossensibilidade, este filme ainda se recomenda menos.
"Inner Ghosts – Fantasmas Interiores": nos cinemas a 12 de março.
Crítica: Hugo Gomes
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