Petra (Bárbara Lennie) é uma jovem artista que nunca conheceu o seu pai e, após a morte da mãe, consegue uma vaga na residência artística de Jaume (Joan Botey), um artista plástico, cruel e magnético. Na sua busca, Petra conhece Lucas (Alex Brendemuhl) e Marisa (Marisa Navarro), esposa de Jaume e mãe de Lucas.

Enquanto se aproxima desta família onde predominam segredos, encontrará Petra aquilo que foi procurar? Talvez, mas como uma personagem lhe diz: “Estás no lugar errado, nada de bom daqui levarás”. Jaume acabará por mentir a Petra e a gravidade das consequências de que aí advém é nefasta.

Dividido em capítulos dispostos num formalismo não linear, o filme perde a possibilidade de criar impacto no seu esperado final, mas a imaginação do espectador viaja, escolhendo o futuro de uma Petra que acaba por se envolver predestinadamente na teia comandada pelo perverso e narcisista Jaume.

Esta estrutura calculista impõe uma força sonâmbula, que conduz o espectador por um labirinto de emoções e conexões familiares. Tudo é claro aos nossos olhos e de anseios dolorosos, pois o realizador titula os seus capítulos de forma incisiva, jogando com a nossa expectativa, assumindo a iminente tragédia.

Dirigindo os actores para se moverem com mínima gestualidade e representarem os seus diálogos de modo inerte, enquadrando-os entre portas e janelas, como molduras, Jaime Rosales enclausura as personagens. Para depois as filmar com panorâmicas lentas e secas que viajam em espaços vazios, como que sugerindo pontos de fuga a Petra, algo que ela parece destinada a não compreender.

Com um certo absurdo inesperado e uma ironia prepotente que se assemelha a Michael Haneke ou Yorgos Lanthimos, Jaime Rosales ergue "Petra" a um melodrama maquiavélico, ilustrado pelas excelente interpretações de Barbara Lennie e Joan Botey.

"Petra": nos cinemas a 4 de julho.

Crítica: Daniel Antero

Saiba mais no site Cinemic.

Trailer: