A residência do grupo para a gravação do novo álbum culminará com concertos a 6 de março, na discoteca Lux, em Lisboa e no dia seguinte no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, nos quais apresentarão alguns dos temas novos.
Para Pedro Coquenão, que considera os Konono nº 1 uma das fontes de inspiração de Batida, produzir um álbum do grupo é um privilégio: “É captar as ideias que eles já têm das canções e tentar enriquecer com o que eu posso dar. Vamos falar de ritmos, de música, provocá-los de todas as maneiras possíveis, através da comida, da música, de passeios por cá”.
Nestes dias de gravação do álbum, não num estúdio, mas numa sala lisboeta – para captar também o som do espaço -, o músico luso-angolano quer proporcionar-lhes contacto com a cultura multiétnica e cultural na capital e criar pontes de contacto.
Para entender esta colaboração entre Pedro Coquenão e Konono nº 1 é preciso recuar a outubro passado, quando Batida atuou na feira internacional Womex, em Espanha, um concerto que chamou a atenção da editora Crammed Discs, que percebeu as afinidades musicais entre ambos.
Foram feitos vários contactos posteriores e Pedro Coquenão já viu, entretanto, o grupo em Bruxelas, no âmbito de uma digressão que encetou pela Europa e à boleia da qual aterra no final deste mês em Lisboa para gravar o álbum.
Os Konono nº 1, que já atuaram algumas vezes em Portugal, surgiram em Kinshasa há mais de trinta anos pela mão do músico Mawangu Mingiedi, mas só ganharam maior notoriedade na Europa no virar do século, com a editora belga Crammed Discs e com o produtor Vincent Kenis.
Composto por músicos oriundos de uma região fronteiriça com Angola, o grupo é conhecido por tocar música em instrumentos artesanais e tradicionais eletrificados, conferindo uma sonoridade experimental e próxima dos ritmos da música eletrónica.
“Congotronics” (2004) foi o primeiro álbum de Konono nº 1 com a Crammed Discs e inaugurou uma série homónima de álbuns na editora. Em 2010 editaram o álbum “Assume Crash Position” e ao currículo juntam ainda colaborações com Bjork e com Herbie Hancock.
Em 2011 participaram num “supergrupo” de músicos africanos e ocidentais intitulado Congotronics vs Rockers, no qual estavam também os Kasai Allstars, Juana Molina, Wildbirds & Peacedrums e Skeletons. Nesse ano o supergrupo passou pelo Festival Músicas do Mundo de Sines.
@Lusa
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