Este ano, será a monumental «Missa em Si menor» de Bach com o maestro belga Sigiswald Kuijken, umas das personalidades mais relevantes do meio da música antiga e fundador do conceituado ensemble La Petite Bande.
Sigiswald Kuijken, grande apaixonado da música de Bach, que interpreta e dirige com paixão desde há muitas décadas, propõe-nos através desta 18ª edição da Académie Baroque Européenne d’Ambronay (re)descobrir esta obra-prima absoluta do repertório barroco que é a «Missa em Si menor» de Johann Sebastian Bach.
Obra grandiosa, cuja composição se estendeu durante cerca de 25 anos, a «Missa em Si menor» é uma das mais belas provas de génio do seu autor. O Kantor (director musical) de Leipzig mistura habilmente composições originais e adaptações de peças existentes e por vezes muito antigas (o Sanctus, o seu elemento mais antigo, data de 1724!) para obter um todo com uma coerência perfeita. Um todo que o próprio Bach nunca teve ocasião de ouvir porque a obra só foi editada após a sua morte.
De entre as mais belas páginas que contém esta missa, pode-se destacar o coro introdutório, cujo fervor está impregnado de uma grande melancolia, as fugas corais imponentes com trompetes e tímbalos («Gloria in excelsis», «Cum sancto spiritu», «Osanna»), as duas árias para alto («Qui sedes» e «Agnus Dei»), a ária para tenor e flauta obbligato («Benedictus»), a ária de baixo «Et in spiritum sanctum dominum» e o seu diálogo magnífico entre fagotes e oboés…
Fiel à filosofia da Académie que consiste em oferecer aos seus jovens participantes uma experiência pedagógica rica e única, Sigiswald Kuijken decidiu trabalhar e apresentar em concerto esta «Missa em Si menor» numa versão para um cantor por voz nas partes corais.
Longe das polémicas e debates contraditórios que envolvem os trabalhos recentes de musicólogos sobre este assunto (Joshua Rifkin nos anos 80), encontra nesta abordagem o meio de ganhar em fluidez, em ligeireza e em transparência na sua interpretação das páginas corais cujo virtuosismo extremo torna por vezes a tarefa árdua para o coro mas encontra toda a sua razão de ser num efetivo muito pequeno. Sigiswald Kuijken não tenta impor-se a esta visão mas simplesmente mostrar que está mais próxima das suas intenções, mais de acordo com as suas expectativas artísticas.
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