“À Procura de Chaplin” é "mesmo sobre a busca desse lado lado mais solar da existência”, de como “podemos ser um bocadinho mais felizes todos os dias”, termos a capacidade de “rirmos de nós próprios, de não nos levarmos tão a sério”, acrescentou a encenadora à agência Lusa a propósito da nova criação.

Trata-se do terceiro espetáculo de uma trilogia iniciada com “Se eu fosse Nina” (março 2021), na qual Rita Calçada Bastos cruzava a sua biografia com a personagem Nina de “A gaivota”, de Tchekhov. Em outubro de 2021, seguiu-se “Eu sou Clarisse”, a partir da vida e obra de Clarisse Lispector, na qual a encenadora se revê na íntegra.

Na peça que encerra a trilogia, recorre-se a uma linguagem diferente, a 'clownesca', remetendo para o “homem simples e anti-herói” que é o palhaço, aquele "a quem tudo corre mal, mas que sublima esse acontecimento como fazendo parte da vida e, portanto, vai criando soluções e enfrentando, consecutivamente, novos conflitos”, disse a criadora.

É um processo que leva de “forma muito desprendida”, aceitando que “é o que é” e sem fazer qualquer “problema”, pois "o importante é resolver o problema", acrescentou.

Inspirado no “universo e imaginário de Chaplin", e sem que a palavra seja a principal forma de comunicar, “À Procura de Chaplin” define-se, segundo a criadora, como a busca "de um novo estado de consciência”.

“O que nós estamos a procurar é, justamente, um novo estado de consciência, uma nova perspetiva perante a vida”, observou, sublinhando que o humor é sobretudo essa capacidade que o ser humano tem de “sublimar a tragédia”.

“E Charlie Chaplin fez isso como ninguém”, enfatizou.

"À Procura de Chaplin" tem uma cenografia “muito simples”, marcada pelo uso de cicloramas, alguns adereços que servem as ações das personagens, fotografia de Eduardo Rosas e o recurso a cartões que vão situando a ação, como no cinema mudo.

A peça terá cinco récitas na sala Luis Miguel Cintra, no Teatro São Luiz: de quarta a sábado, às 20h00, e, no domingo, às 17h30. A 9 de fevereiro, em Loulé, cumpre a primeira representação fora de Lisboa, no palco do Cineteatro Louletano.

Encenada por Rita Calçada Bastos e criada em conjunto com os atores que o interpretam - Carla Maciel, Luciano Amarelo, Carolina Faria e Maria Mingote -, a peça tem figurinos e cenografia de Fernando Alvarez.

Entre os projetos de Rita Calçada Bastos para 2025 estão coproduções, nomeadamente para a encenação de "O fazedor de teatro", de Thomas Bernhard, com interpretações de João Lagarto, Tiago Babosa e Nuno Gil, entre "outras que quer fazer pelo caminho", avançou a atriz e encenadora à agência Lusa.