"Tu é trevo de quatro folhas/ É manhã de domingo à toa/ Conversa rara e boa/ Pedaço de sonho que faz meu querer acordar pra vida". Este é o primeiro verso de "Trevo", tema que as Anavitória gravaram com Diogo Piçarra e que deu a conhecer Ana e Vitória aos portugueses. A canção poderia ser o cartão de apresentação do duo brasileiro que aposta em letras tranquilas com uma sonoridade própria, o pop rural.

Na passagem por Portugal, as jovens de Tocantins (Brasil), conversaram com o SAPO Mag sobre a aventura no mundo da música, que começou por acaso, com um vídeo partilhado nas redes sociais. "Eu e a Vitória somos da mesma cidade, no Tocantins, que é um estado brasileiro. Nós conhecemos-nos desde sempre, mas apenas de vista. Aproximamos-nos muito em 2014, quando fiquei muito próxima de uma amiga da Vitória e tinha um canal no Youtube e ela cantava na brincadeira em alguns vídeos. Eu vi um desses vídeos e convidei-a para gravar comigo. Tudo correu bem, gostámos de cantar juntas", recorda Ana.

"Depois, fui viver para longe, noutra cidade, e sempre que nos encontrávamos, combinávamos gravar alguma coisa. Então, gravámos três vídeos na brincadeira, sem qualquer pretensão. E fizemos uma versão de um tema do Tiago Iorc, a Vitória enviou para o agente dele e ele convidou-nos para gravar um EP em São Paulo, com produção do Tiago. Isto foi em janeiro de 2015, em abril lançamos o EP e tudo começou aí. Editamos o disco e um ano depois, estamos cá em Portugal", acrescenta Ana.

Antes de se aventurarem no mundo da música, as duas cantoras estudavam na universidade, recorda Vitória. "Quando gravávamos vídeos para a Internet, era sem qualquer pretensão. Não havia o objetivo de um dia fazer disso a nossa vida, o nosso trabalho, fazer disso carreira. A Ana estudava medicina e eu estudava direito e não pensávamos que isto fosse acontecer. Costumamos dizer que era um sonho dentro de nós e não sabíamos", conta a artista.

A boa aceitação que teve o primeiro EP, editado em 2015, foi o principal motivo para que as Anavitória continuassem a trabalhar no mundo da música. "Desde do EP, que saiu em abril de 2015 e que recebeu uma boa aceitação pelas pessoas, até hoje tudo foi muito natural. O EP foi muito experimental, para ver se ia resultar ou não. Foi muito pela resposta das pessoas que decidimos continuar o trabalho, fazer o disco e viver da música", conta Vitória.

Anavitória

"Trevo" é um dos temas do primeiro disco do duo brasileiro, que gravaram uma versão com Diogo Piçarra. "O nosso agente veio a Portugal numa viagem e conheceu o Diogo Piçarra - não se conheceu pessoalmente, mas ficou a conhecer o trabalho dele. E, quando voltou para o Brasil já tinha essa ideia de um dueto na cabeça. Ele já nós queria trazer a Portugal, para lançarmos o disco cá e apresentou-nos o trabalho do Diogo para ver se queríamos fazer uma parceria com ele", recorda Ana.

"O Diogo Piçarra trabalha com a Universal, que também é a nossa editora. Então, foi imediato e conseguimos-nos encontrar. Ele foi ao Brasil para gravarmos e tudo correu bem. Nós conhecemos o Diogo no dia da gravação do videoclip e tudo deu certo", acrescenta Vitória, sublinhando que subir a palco com o cantor português foi "fantástico". "Atuar com o Diogo Piçarra foi fantástico, as pessoas iam preparadas com trevos. Toda a gente cantou a música. Foi muito bonito, mesmo", frisou.

Já a preparar o segundo disco, Ana confessa que as influências podem vir de todos os estilos. "No Brasil, gosto muito de Mallu Magalhães e do Nando Reis. Mas nós ouvimos um pouco de tudo: ouvimos sertanejo, MPB e muita música pop. Tudo nos influencia. No final das contas, é um somatório de várias coisas que faz com que o nosso som exista", explica.