O festival de música TV Fest, uma iniciativa do Ministério da Cultura que deveria ter início esta quinta-feira, dia 9 de abril, foi suspenso, na sequência das dúvidas e críticas que surgiram no setor, e será repensado, disse à Lusa a ministra Graça Fonseca.

"O Ministério da Cultura lançou uma iniciativa que foi mal recebida, sinceramente ainda não percebi porquê. [O TV Fest] visava precisamente começar a multiplicar a contratação de pessoas", frisou o primeiro-ministro em entrevista a Manuel Luís Goucha, no "Você na TV".

No programa da TVI, António Costa lembrou que o setor da cultura foi "um dos primeiros a ser afetado". "O que é que o Estado fez? Primeiro, todos os espetáculos que tinha  contratado, manteve, pagou na mesma apesar de não estarem a ser realizados, de forma a manter o rendimento. Muitas das autarquias têm mantido exatamente a mesma política", explicou.

"Os artistas têm desenvolvido nas plataformas online formas de continuar a trabalhar e para procurar ocupar, entreter e levar a sua arte a quem está em casa. Mas não pode ser [não ganharem nada com isso]. Temos de utilizar essas plataformas para gerar uma verba e uma remuneração", sublinhou. 

De acordo com o primeiro-ministro, esta iniciativa, que deveria ter arrancado na quinta-feira mas foi suspensa, na sequência das dúvidas e críticas que surgiram no setor, “visava precisamente começar a multiplicar a contratação de pessoas”.

Neste momento de medidas de contenção, referiu, é que os cidadãos, a passar muito mais tempo em casa, “precisam mais até de espetáculo”.

Dando o exemplo dos teatros que estão a disponibilizar os seus espetáculos através da internet, António Costa considerou que isso “é muito generoso”.

“Não quero contrariar a generosidade de ninguém para com quem está em casa, mas é preciso também que isso não quebre o ciclo económico normal”, alertou.

Quanto ao Estado, “todos os espetáculos que tinha contratados manteve, pagou na mesma apesar de eles não estarem a ser realizados, de forma a manter o rendimento”, e muitas autarquias “têm mantido exatamente a mesma política”, na esperança de reprogramar os espetáculos.

A suspensão do TV Fest foi transmitida à agência Lusa na quinta-feira, pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, que adiantou que o modelo será repensado.

Este projeto, criado pelo Governo no quadro de apoio, no âmbito da crise causada pela pandemia da covid-19, e destinado "exclusivamente" ao setor da música, tinha estreia marcada para hoje à noite, no canal 444, nos quatro operadores de televisão por subscrição em Portugal, e na RTP Play.

Em cada programa atuariam quatro músicos. Os primeiros quatro, escolhidos pelo apresentador de televisão Júlio Isidro, foram Marisa Liz, Fernando Tordo, Rita Guerra e Ricardo Ribeiro. Estes quatro músicos convidariam outros quatro e daí em diante.

O projeto foi anunciado na terça-feira à noite pela ministra Graça Fonseca, na RTP.

Depois do anúncio, várias pessoas, entre músicos, atores e outras figuras ligadas ao setor cultural, mostraram, sobretudo através das redes sociais, a sua indignação com o projeto.

Na quarta-feira à tarde, surgia ‘online’ a petição pública “Pelo cancelamento imediato do festival TV Fest”, que, menos de 24 horas depois, reunia mais de 18.600 assinaturas.

Portugal regista hoje 435 mortos associados à covid-19, mais 26 do que na quinta-feira, e 15.472 infetados (mais 1.516) indica o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

* Notícia atualizada às 15h20

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