Segundo Gustavo Costa, da associação, já no próximo mês, a Sonoscopia vai levar o projeto “Phobos”, em “versão portátil”, aos Estados Unidos, para cerca de sete concertos, seguindo-se “um conjunto de pequenos concertos” na Alemanha e na Holanda.

Em abril, a associação – cuja candidatura foi a mais pontuada nos concursos bienais 2020/2021 da Direção-Geral das Artes dentro da área da Música – vai apresentar o projeto “Phonambient” no âmbito da quarta edição do festival de arte sonora e música experimental Space 21, em Erbil, no Curdistão iraquiano.

Com o calendário para 2020 (e para 2021) já delineado, Gustavo Costa adiantou à Lusa que o projeto “Phobos” será também apresentado em Teerão, ainda sem data marcada.

“Vamos circular um pouco com [o ‘Phobos’]. Foi um investimento muito grande que fizemos”, disse o músico.

Segundo a descrição do projeto, o “Phobos” é “um conjunto de pequenos robots e dispositivos de geração automática de música que se agregam numa Orquestra Robótica Disfuncional, uma orquestra de estranhos instrumentos com defeitos, mutações genéticas e comportamentos errantes”.

“’Phobos’ representa uma crítica da sobreposição tecnológica ao pensamento humano, da função do trabalho e das modernas formas de escravidão, fazendo também uma retrospetiva histórica das várias tentativas de libertação humana através das máquinas, das utopias tecnológicas, dos avanços e retrocessos das liberdades. O seu nome provém da mitologia grega, onde Phobos é a encarnação do medo, sendo também o nome da maior lua de Marte, condenada a desaparecer devido à proximidade da sua órbita em relação ao planeta”, pode ler-se na página da Sonoscopia.

O projeto foi concebido e dirigido por Gustavo Costa, que também esteve na criação de novos instrumentos com Henrique Fernandes e Alberto Lopes, e contou com apoio técnico da Digitópia e logístico do Teatro de Ferro, cujo diretor, Igor Gandra, fez a conceção cenográfica.

Em março, será a ver de apresentar o projeto “INsono”, uma “instalação sonora interativa e um percurso sensorial” concebido por Henrique Fernandes, em Sevilha.

A programação da Sonoscopia para 2020 inclui também “um ciclo novo de criações mais pequenas que se chamam ‘Gestos Invisíveis’”, que vai levar vários compositores internacionais ao Porto.

“Depois, temos os projetos de criação em comunidade abrangidos pelo Cultura em Expansão [da Câmara Municipal do Porto], temos o [festival] No Noise em agosto, temos o Som Desorganizado em dezembro, os concertos do Microvolumes, algumas ações de formação e temos um projeto grande que faz a ligação disto tudo que é o ‘Atlas de Instrumentos Utópicos’, que é um instrumentário que começámos a desenvolver há dois, três anos e espero que daqui a dois, três anos conseguir ter uma caixa do tipo do ‘Disposofónicos’”, afirmou Gustavo Costa, referindo-se à edição conjunta de quatro CD, um vinil, duas fotografias e um livro de 120 páginas que reuniu o trabalho de anos da Sonoscopia.

A Sonoscopia vai assinalar o seu sétimo aniversário no dia 11 de janeiro, com um concerto de entrada livre por Gonçalo Almeida, Rodrigo Amado e Onno Govaert.

Na sexta-feira, o último concerto Microvolumes do ano vai receber o norte-americano Nicolas Collins, para além dos portugueses Ricardo Webbens e Carlos Santos.