O ator porno Ron Jeremy, acusado nos EUA de violação e agressão sexual contra 21 mulheres, algumas delas menores de idade, está mentalmente incapaz para ser julgado, decidiu um juiz.

A decisão desta terça-feira surge quase um ano após o ator, de 69 anos, passar por exames psiquiátricos. A avaliação foi solicitada após Jeremy não reconhecer um dos seus advogados durante uma visita à prisão.

Jeremy, cujo nome verdadeiro é Ronald Jeremy Hyatt, já apareceu em mais de 1.700 filmes adultos desde a década de 1970, entre eles "Garganta Profunda II" e "John Wayne Bobbitt Uncut".

Com o seu bigode característico, ele foi uma das estrelas mais reconhecidas da indústria porno. Mas, em junho de 2020, foi acusado de violar três mulheres e agredir sexualmente uma quarta. A sua prisão e presença num tribunal de Los Angeles desencadearam uma nova onda de denúncias contra ele.

Os factos mais antigos datam de 1996. No total, Jeremy é acusado de vários atos de violência sexual contra 21 mulheres, com idades entre os 15 e 51 anos.

No início de janeiro, o resultado do exame psiquiátrico foi divulgado pelo Los Angeles Times. De acordo com um e-mail obtido pelo jornal, especialistas em saúde mental da acusação e da defesa concluíram que Jeremy sofre de demência grave, com poucas possibilidades de recuperação.

"Como resultado do acordo entre os especialistas, o réu será considerado incompetente para enfrentar o julgamento (...), escreveu o procurador distrital do condado de Los Angeles, Paul Thompson, no e-mail, segundo o jornal.

"Se ele não melhorar, não poderemos julgá-lo pelos seus crimes", notava.

Um porta-voz da procuradoria de Los Angeles disse à AFP esta quarta-feira que uma audiência marcada para 7 de fevereiro determinará onde o ator deve ser colocado. Isso significa que poderá ser internado num hospital.

Na teoria, a justiça americana pode avançar com o julgamento se a saúde mental do réu melhorar. No entanto, a demência é uma doença progressiva e geralmente degenerativa.

Jeremy sempre negou as acusações. No Twitter, afirmou ser completamente "inocente" e declarou-se "não culpado" perante um juiz.

Em junho de 2020, o seu advogado, Stuart Goldfarb, negou todas as acusações, insistindo que o seu cliente "não era um violador".

"Ron, ao longo dos anos, por ser quem é, foi amante de mais de quatro mil mulheres. Alegar que ele é um violador é ir longe demais (...) Quero dizer, as mulheres atiravam-se para cima dele", afirmou.