“A Livraria Barata encontra-se atualmente em graves dificuldades financeiras, tendo estado fechada grande parte dos dois meses do estado de emergência [devido à pandemia de COVID-19] e tido quebras na faturação de cerca de 90%, segundo o seu proprietário”, refere o vereador bloquista na Câmara de Lisboa, Manuel Grilo, que é responsável pelos pelouros dos Direitos Sociais e da Educação, num requerimento que entregou hoje na autarquia.

Questionando o município se tem conhecimento da “situação sensível” daquela livraria, Manuel Grilo pergunta também que ações prevê a Câmara ter para responder “à possível falência de uma das lojas mais emblemáticas” da zona da Avenida de Roma e que já recebeu a distinção “Lojas com História”.

No texto, o autarca do BE (partido que tem um acordo de governação da cidade com o PS) recorda que a Barata é também “um ícone da cidade de Lisboa na resistência à ditadura”, tendo o seu fundador, António Barata, feito questão de vender sempre os “livros proibidos” e sido diversas vezes detido pela PIDE.

Manuel Grilo lembra também que, em abril, a autarquia aprovou uma proposta que previa o alargamento do Fundo de Emergência Social (FES) a agentes e entidades do setor cultural, sejam pessoas singulares ou coletivas, com a dotação de um milhão de euros.

“Resulta do texto da proposta que ‘importa, ainda, através do FES, assegurar a atribuição dos apoios urgentes e imediatos de caráter extraordinário e transitório, destinados a proteger a atividade cultural e criativa da cidade e a minimizar os prejuízos sofridos pelos respetivos agentes’. A Livraria Barata concretiza a urgência na implementação de forma eficaz destas medidas”, salienta o vereador, notando que os proprietários queixam-se de falta de interlocutores com as entidades oficiais.

No requerimento, Manuel Grilo interroga ainda se a Câmara de Lisboa tem conhecimento de outras livrarias e espaços culturais que ainda não tenham recebido apoio da autarquia.

Na reunião privada do executivo camarário que se realizou esta manhã, os vereadores do PCP também abordaram a questão da Barata, questionando igualmente a autarquia sobre se tem conhecimento que a livraria “está em risco de fechar” e que medidas serão tomadas para evitar o seu encerramento.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 328 mil mortos e infetou mais de cinco milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,8 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1277 pessoas das 29912 confirmadas como infetadas, e há 6452 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.