Trata-se de um conjunto de 370 documentos do espólio remanescente do poeta português, que abarcam um período de 40 anos e que foram comprados pela biblioteca, em dezembro de 2020, por proposta dos herdeiros de Fernando Pessoa, revelou à Lusa fonte da BNP.

Este conjunto apresenta datas entre 1894 e outubro de 1935, cobrindo um período de 41 anos, e as línguas predominantes nos manuscritos de Fernando Pessoa são a portuguesa e a inglesa.

O espólio agora adquirido inclui poesia, prosa, astrologia, planos ou projetos, apontamentos e notas, escritos por Fernando Pessoa, bem como traduções feitas pelo poeta, de textos de Almada Negreiros, de Carlos Lobo de Oliveira e um fragmento de William Shakespeare.

Encontra-se também correspondência trocada entre Fernando Pessoa e os presencistas João Gaspar Simões (25 enviadas por Pessoa e 30 cartas enviadas por Gaspar Simões a Pessoa), José Régio (sete missivas enviadas por Pessoa e duas recebidas) e Adolfo Casais Monteiro (uma carta deste para Pessoa).

A correspondência do poeta inclui também, entre outros, um bilhete de Vitorino Nemésio ou dos irmãos do poeta, Henriqueta, João e Luís Nogueira Rosa, bem como cartas de Joaquim Seabra Pessoa a Madalena Nogueira Pessoa (pais de Fernando Pessoa), que a mãe guardou para que o filho as lesse mais tarde.

A BNP passou a dispor ainda de documentos colecionados por Fernando Pessoa, como é o caso de ilustrações em bilhetes-postais de paisagens de Durban (na África do Sul), uma fotografia de Sidónio Pais ou recortes de impressos.

Poemas da mãe e documentos biográficos de Pessoa – por exemplo, certificados de aproveitamento escolar ou o requerimento ao Governo Civil de Lisboa a propósito da apreensão das “Canções” de António Botto – completam o que restava do espólio do autor de a “Mensagem” na posse da família.

A BNP adquiriu também, em outubro do ano passado, um conjunto de cartas de Jorge e Mécia de Sena dirigidas às editoras Portugália Editora e Editorial Inova.

“Considerando que, a partir de 1959, Jorge de Sena residiu no estrangeiro, logo, distante do país onde a sua obra literária e ensaística era editada, lida e criticada, a correspondência é meio de comunicação fundamental”, na medida em que “regista elementos para o estudo da sua obra, mas também para enquadramento do pensamento ao autor e da sua crítica face ao universo cultural nacional”, destaca a BNP.

Enquanto representantes das editoras identificam-se, pela Portugália Editora, Luís Amaro, Raul Dias, Cruz Santos, Sousa Pereira, Eurico Fernandes ou Agostinho Fernandes; enquanto pela Editorial Inova se identificam Egito Gonçalves, Eugénio de Andrade e Cruz Santos.

De acordo com a biblioteca, esta aquisição “irá permitir um acréscimo à informação do espólio de Jorge de Sena, mas também ao de Luís Amaro já que este integra documentação produzida no âmbito das funções que exerceu na Portugália Editora, incluindo cerca de duas centenas de missivas trocadas com Jorge e Mécia de Sena”.

Todos estes documentos, “por natureza frágeis” serão objeto de restauro, caso necessitem, e após “passarem pela câmara de expurgo são registados no catálogo da BNP”, passando a integrar o Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, área que reúne os espólios de autores a partir do século XIX.

Nessa altura ficarão disponíveis para consulta, após operações de catalogação e identificação unívoca dos documentos.

Os documentos do espólio de Fernando Pessoa vão ser “digitalizados e ficam disponíveis para leitura presencial, em suporte digital, tal como o restante espólio”, estando prevista “a sua disponibilização ‘online’ a médio prazo”, acrescentou a mesma fonte.

No âmbito das aquisições de “espólios e raridades” levadas a cabo no ano passado pela BNP, contam-se também doações da Coleção de Suzanne Daveau e da Coleção de Adalberto Alves, pelos próprios, bem como a doação de 59 gravuras, editadas pelo Centro Português de Serigrafia, com numeração de edição própria para a BNP.

A Biblioteca Nacional adquiriu ainda 19 cartas do exílio de António Sérgio e 13 cartas de António Sérgio a Câmara Reys.

Foram também incorporados, por doação, novos lotes de documentos nos espólios de Vítor Ramos e de Orlando Ribeiro, e nas coleções de Alexandre O'Neill, Editora Romano Torres, Jean Aubin e Raúl Rego.

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