O presidente, Armindo Jacinto, transmitiu que foi sendo reunido diverso material que permite interpor as ações, para “repor a verdade e a honra do município, de Idanha, dos idanhenses e dos funcionários” da autarquia.

Segundo o autarca do concelho raiano, no distrito de Castelo Branco, vai dar entrada no tribunal uma ação contra a artista plástica Cristina Rodrigues, para esclarecer “a verdade” e fazer um pedido de indemnização por um processo que “lesou o município”.

A outra ação é uma queixa-crime por difamação agravada, contra a artista “e outros cidadãos”, por comentários proferidos, nomeadamente numa reportagem televisiva.

A Câmara Municipal tem uma verba de 448 mil euros de uma conta da autarquia penhorada para pagar mais de 300 mil euros à arquiteta por o tribunal ter dado razão a Cristina Rodrigues quando esta se queixou de as peças devolvidas estarem “inutilizadas”.

Armindo Jacinto disse que a autarquia apresentou recurso da decisão, sobre o qual não há ainda decisão.

“Somos pessoas de bem, cumpriremos as decisões, mesmo entendendo que são injustas, mas enquanto entendermos que pode haver condições para que se possa repor justiça, obviamente continuaremos a defender os interesses do município”, frisou o presidente.

De acordo com o autarca, “sempre foram utilizados expedientes falaciosos para levar a bom porto aquilo que Fátima Cristina Rodrigues pretendia”.

Armindo Jacinto alegou, por um lado, que o perito indicado pelo tribunal “atribui valor residual às obras da arquiteta”, que o edil referiu ter nascido como artista em Idanha-a-Nova, onde se instalou em 2011 no Centro Cultural Raiano numa residência artística.

O autarca afirmou estar a citar o perito que considerou que “a artista não tem, nem nunca teve, valores de mercado referenciados em leiloeiras ou galerias” e Armindo Jacinto acrescentou que os montantes pedidos “não correspondem aos valores de mercado”.

O presidente do município enfatizou, por outro lado, ter registos de que existiu um acondicionamento e transporte deficientes das obras por parte da equipa da artista quando levantou as peças, dois anos depois de ter sido proferida a sentença nesse sentido.

Armindo Jacinto sublinhou existirem imagens que documentam como existiu “falta de cuidado” no acondicionamento, remoção e transporte das obras quando foram retiradas das instalações da autarquia.

O presidente da Câmara vincou que o município nunca foi fiel depositário das peças, não tinha a obrigação de tratar da sua conservação e argumentou que, durante o período em que estiveram à espera para serem recolhidas, é natural existir alguma deterioração, além de, durante o transporte, haver registos de obras pisadas ou “descuido” na forma como a equipa de Cristina Rodrigues as retirou de onde se encontravam.

Tendo sido as obras levadas, acrescentou o autarca socialista, o município não pôde fazer “nenhuma oposição” às acusações da autora e “não teve oportunidade de se defender”.

“Recolhemos provas ao longo deste tempo e, na nossa perspetiva, conferem todas as condições para estas duas ações”, fundamentou Armindo Jacinto, em declarações à agência Lusa.

Armindo Jacinto lamentou ainda o aproveitamento económico que se procurou e, posteriormente, o aproveitamento político, apontando o dedo ao Movimento Para Todos, os eleitos da oposição na Câmara.