Os fãs dos Beatles vão receber uma prenda de Natal antecipada. A partir da meia noite desta quinta-feira, 24 de dezembro, o catálogo de canções da banda britânica chega aos principais serviços de streaming de música de todo o mundo.
As composições dos Beatles vão ficar disponíveis no Spotify, Apple Music, Google Play, Tidal e Amazon Prime Musica, segundo a Universal Music.
O negócio envolve os direitos das 224 canções oriundas dos 13 álbuns de originais lançados no Reino Unido pela banda de Liverpool entre 1963 e 1970, bem como as coletâneas essenciais, incluindo Past Masters, e o catálogo vai também estar disponível no Deezer, Microsoft Groove, Napster and Slacker Radio.
"Em termos digitais, os Beatles chegaram sempre tarde à festa. Chegaram ao iTunes em 2010, cinco anos depois de o iTunes Music Store ter começado a ganhar visibilidade", disse Chris Cooke, cofundador do portal de notícias da indústria musical CMU, salientando que, desta forma, o legado da banda vai perdurar "ainda mais".
"Esperávamos que fizessem provavelmente um acordo exclusivo para disponibilizar a música apenas num serviço de streaming, mas parece que, em vez disso, irão estar em todo o lado a partir de quinta-feira. Isso significa que aceitaram o facto de que o streaming é uma parte muito importante da indústria musical", acrescentou.
Os Beatles, que se separaram oficialmente em abril de 1970, integravam John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr e, ao longo da carreira, conseguiram colocar 17 singles no primeiro lugar das tabelas de música britânicas.
Ainda hoje, e apesar de a banda ter terminado há 45 anos, o catálogo musical continua muito rentável e as sucessivas reedições ou coletâneas têm tido bastante sucesso nas tabelas de todo o mundo, sendo disso prova a mais recente edição de "Beatles 1", posto à venda em novembro último.
"Há uma razão bastante simples para que o catálogo dos Beatles tenha demorado a aderir aos serviços de streaming: os editores não queriam fazer nada para poder prejudicar o potencial de vendas das reedições ou de retrospetivas. É um catálogo muito lucrativo", afirmou Mark Sullivan, investigador de comunicação na empresa Midia.
"Esperaram até que o mercado ganhasse escala, permitindo tirar disso partido para fazer um bom negócio. É uma grande ação de marketing, uma vez que ajuda a dar conta de que as plataformas contam afinal com toda a música do mundo", sublinhou.
Os Beatles, como entidade empresarial, foram notoriamente lentos a adaptar-se às novas tecnologias.
No Reino Unido, o número de canções descarregadas dos vários serviços de streaming atingiu este ano os 25 mil milhões, mais do que os 13,7 mil milhões de 2014, segundo os dados oficiais.
Segundo a imprensa britânica, vai ser "interessante" ver como os Beatles conseguirão competir contra os "likes" de, por exemplo, Justin Bieber, cujos últimos singles são descarregados cerca de seis milhões de vezes por semana.
Quando a obra dos Beatles fic0u disponível no iTunes, a banda somou 10 entradas no Top 100 - no entanto, a maior entrada, com Hey Jude, só atingiu o número 40.
O anúncio da chegada dos Beatles surgiu numa altura em que um conjunto de grandes nomes da música - Neil Young, Prince e Thom Yorke (dos Radiohead), entre outros - puseram em causa o interesse aos serviços de streaming, em que o caso mais evidente é o de Adele.
O novo álbum, "25", já vendeu mais de sete milhões de cópias sem que tenha aparecido em qualquer plataforma de streaming, onde apenas está disponível o 'single' Hello.
"Acredito que a música deve ser um acontecimento. Não uso o streaming. Eu compro a minha música. Posso fazer um download, mas também compro uma cópia do álbum só para contrariar quem não a compra", disse Adele à revista Time.
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