"Corona é Conjunto Corona. Conjunto Corona é hidromel, é rock psicadélico, é moche. Ao mesmo tempo é cultura, é tradição, é gentileza, é amar e respeitar o próximo e viver em harmonia com a natureza. Conjunto Corona é amigo do ambiente e apoia o desenvolvimento sustentável de todas as economias mundiais, a paz, os jogos olímpicos, os prémios nóbeis e as francesinhas vegetarianas". É desta forma que Edgar Correia e David - nomes artísticos Logos e dB - apresentam o seu projeto, o Conjunto Corona, nas redes sociais. "Conjunto Corona é o que tu quiseres", completam". E por estes dias tem sido um banda que partilha o nome com o tema mais falado, noticiado e repetido em Portugal e no resto do mundo.
Nas últimas semanas, com o coronavírus sempre presente nas manchetes mas quando ainda não tinha chegado a Portugal, o grupo do norte, que partilha o nome com o prefixo do vírus, fez algumas partilhas assumindo o tom de brincadeira. "É só para dizer que estamos bem e em princípio não temos nada a ver com o vírus da China", publicaram, em janeiro, na sua conta no Facebook.
Já no final de fevereiro, ao divulgarem datas e locais de concertos, juntavam ao post o alerta para os fãs: "Não vale a pena trazer máscara".
Em conversa com o SAPO Mag, Edgar Correia (Logos) conta que antes de serem identificados os primeiros casos de COVID-19 em Portugal, a banda recebeu várias mensagens através das redes sociais. "Numa fase inicial, recebemos muitas mensagens... até sabermos que isto ia cair no nosso tecto, enquanto país. Antes disso, recebemos várias mensagens até com alguma piada, deram-nos os parabéns pelo excelente marketing que estávamos a fazer e que este podia ser o nome do próximo álbum ou o nome de uma canção, etc", recorda.
"Mas depois [os comentários] reduziram e acho que não devemos brincar muito. O próximo álbum não terá nada relacionado com isto e nem faria sentido. Não faz sentido para a personagem que temos", frisa o músico, que, apesar da seriedade do tema, não fecha a porta a humor e diz que é "possível brincar com tudo".
Tal como os músicos explicaram nas suas redes sociais, o Conjunto Corona não tem qualquer ligação com o novo coronavírus. "O Corona surgiu como uma tentativa de quebrar um bocadinho alguns pressupostos de um género musical e trazer algo diferente, trazer abordagens diferentes. E acho que é isso que continuamos a fazer", conta Edgar ao SAPO Mag.
"Eu e o David já tínhamos projetos antes. Na altura, já conhecíamos o trabalho um do outro, mas não nos conhecíamos pessoalmente. Na altura, o David tinha lançado um álbum a solo em cassete e eu também tinha lançado um álbum em cassete... então, acabámos por conversar e percebemos que tínhamos algumas ideias em comum. Gostamos de fazer coisas diferentes, experimentar outras abordagens", recorda.
Além das canções, o nome da banda chama a atenção nas redes sociais e nos cartazes dos concertos. "Escolher o nome é sempre o mais complicado. Já tínhamos todo o álbum gravado, todo o conceito da personagem. Estávamos em casa do David em algumas sessões e tínhamos uma banda de que os dois gostamos, os The Beatnuts, uma banda de rap de Nova Iorque. Eles são latinos e vivem num bairro latino que se chama Corona. Pareceu-nos um nome muito portuense e daí surgiu o nome da personagem que deu nome à banda. A personagem chama-se Corona e o Conjunto surgiu porque é mais fácil um gajo dizer à família que vai tocar com um conjunto".
"Como nos apresentaríamos a alguém que não nos conhece? Isso é uma excelente pergunta. Acho que enquanto banda, somos uma banda sem prepotência de nada. Eu e o David temos um gosto imenso pelo que fazemos e fazemos tudo com bastante rigor, somos pessoas até bastante disciplinadas... sei que pode não transparecer isso muitas vezes", brinca Edgar.
O Conjunto Corona conta com quatro álbuns editados - "Lo-Fi Hipster Sheat", "Lo-Fi Hipster Trip", "Cimo de Vila Velvet Cantina" e "Santa Rita Lifestyle" (2018). Ao SAPO Mag, o músico revela ainda que a banda está a preparar um novo álbum, que deverá ser lançado em breve.
Para quem ainda não conhece os temas do Conjunto Corona, o músico deixa algumas sugestões: "recomendo que vá ouvir a primeira canção do primeiro álbum porque é uma apresentação da personagem. Do segundo álbum, aconselho o tema 'O Pontapé nas Costas' e do terceiro álbum acho que 'Chino no Olho' mostra a parte mais punk da banda. E, claro, 'Santa Rita Lifestyle', do nosso último álbum".
E o espírito do tema que dá nome ao último álbum é um reflexo da música do duo português. "A canção 'Santa Rita Lifestyle' é a prova que qualquer sítio pode ser uma inspiração. Às vezes temos coisas à nossa volta e andámos sempre à procura de qualquer coisa para nos inspirar. As coisas mais banais do dia podem inspirar canções, como é o caso de uma bomba de gasolina e é disso que a canção fala, de uma bomba na rotunda de Santa Rita. Acho que ninguém diria que havia ali uma coisa interessante para uma letra e ela existe".
"Santa Rita Lifestyle", "Perdido Na Variante", "187 no Bloco", "Chico no Olho" e "Eu Não Bebo Coca Cola Eu Snifo" são os temas que somam mais reproduções no Spotify. No total, o 'conjunto' tem, em média, 8200 ouvintes mensais no serviço de streaming de música.
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