“De há quinze anos para cá, A Barraca tem tido um grande empenhamento e tudo tem feito para trazer os jovens das escolas ao teatro, nomeadamente para ver peças de obras que têm obrigatoriamente de ler”, disse à agência Lusa Maria do Céu Guerra.
A diretora de A Barraca acrescentou que o teatro é uma “fonte de cultura e de civilização” pelo que não se justifica afastar os jovens dos teatros.
Com a pandemia de COVID-19, os alunos não podem ir ao teatro nem o teatro pode levar as peças às escolas, mas “o fundamental” é que as escolas vão ao teatro.
“Porque assistir a uma peça de teatro num teatro é sempre diferente de assistir a uma peça numa escola”, defendeu, assegurando que o teatro “precisa de determinadas condições para ser feito e as escolas, de um modo geral, não as têm”.
A encenadora acrescentou terem solicitado ao diretor do Plano Nacional das Artes, Paulo Pires do Vale, que após o confinamento os alunos regressem aos teatros.
“Se há um Plano Nacional das Artes no ensino, é fundamental que não se perca esta mais-valia”, sustentou.
No fundo, trata-se de uma proposta “para que o teatro não desapareça da memória e do coração dos jovens”.
A atriz do Grupo de Acção Teatral A Barraca lembrou que a companhia tem posto em cena espetáculos de autores como Gil Vicente, Sttau Monteiro, Eça de Queiroz, Molière, José Saramago, Fernando Pessoa, entre outros.
A Barraca propõe ainda que se abram as portas dos agrupamentos escolares que disponham de auditórios onde seja possível realizar, em segurança, esses e outros espetáculos que ajudem os alunos a não perderem esse contacto.
“Permitindo ao mesmo tempo aos profissionais que se dedicaram a esse trabalho que não percam o enorme conhecimento adquirido e a correspondente e indispensável fonte de receita”, frisou.
Outras estruturas, como a Cultural Kids, têm vindo a alertar para o facto de as atividades culturais realizadas em espaço escolar terem sido “banidas” devido à pandemia de COVID-19.
“Até agora não foram dados apoios específicos para quem como a Cultural Kids – Programas Culturais dos 0 aos 16, há mais de 20 anos trabalha com e para a comunidade escolar, a qual não conseguimos continuar a acompanhar por falta de apoios do Ministério da Cultura”, lamentou aquela estrutura, no mais recente comunicado sobre o assunto.
No final de novembro, o Governo lançou um manifesto em forma de repto a todos os cidadãos e instituições para que, neste “ano difícil”, lutassem contra a suspensão da cultura e contribuíssem para a interação entre as comunidades escolar e artística.
“Este é o Dia, Esta é a Hora - A Cultura está suspensa este ano letivo, certo? NÃO!” foi o tema.
Este manifesto, que Paulo Pires do Vale preferiu chamar de “movimento” ou “ação”, porque é isso mesmo que pretende que o documento gere, foi elaborado pelo PNA e pelas suas tutelas – Ministério da Cultura e Ministério da Educação -, em colaboração com diversos organismos, que passam pelas direções gerais das Artes e da Educação, dos Estabelecimentos Escolares, dos planos nacionais de Leitura e Cinema, dos museus, bibliotecas, teatros, fundações, entre outros.
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