O cantor e compositor sul-coreano Jung Joon-young foi condenado esta sexta-feira por violação coletiva e distribuição de vídeos das agressões e de outros encontros sexuais. O artista terá de cumprir seis anos de prisão.

Jung e Choi Jong-hoon, ex-elementos da boyband FT Island, foram considerados culpados de violar duas vítimas diferentes em duas ocasiões em 2016.

Separadamente, Jung também foi condenado por se filmar a ter relações sexuais com outras mulheres sem o conhecimento delas e por compartilhar as imagens sem o seu consentimento.

Esse é um dos casos de maior destaque de crimes de uso de câmaras escondidas na Coreia do Sul, o que provocou uma revolta generalizada e várias manifestações de mulheres em Seul sob o lema "A minha vida não é seu o seu porno".

Jung distribuiu os seus vídeos em salas de chat que incluía o colega de K-pop Seungri, da BIGBANG, acusado de jogo ilegal.

Jung foi condenado a seis anos de prisão e Choi a cinco anos, segundo o tribunal central de Seul.

"Jung e Choi participaram numa violação coletiva de vítimas intoxicadas e incapazes de resistir", disse a agência de notícias Yonhap, informando o veredito, que rejeitou a alegação dos acusados de que o sexo era consensual.

"É difícil de compreender a extensão do sofrimento que as vítimas devem ter passado", afirmou ainda.

Os dois cantores são muito populares, mas consideraram as vítimas apenas como "objetos sexuais" a serem explorados, acrescentou o tribunal.

"Eles devem assumir a responsabilidade social proporcional à sua fama e riqueza", afirmou ainda.

Os dois homens choraram quando as sentenças foram anunciadas.

Como a sentença mínima para violação na Coreia do Sul é de três anos, a maioria dos analistas afirmou que as penas desse crime foram muito brandas.

"As vítimas têm de viver em agonia pelos próximos 60 anos, e não apenas seis", afirma uma mensagem no maior site do país, Naver. Outra acrescentou: "Ouvi dizer que eles choraram ao ouvir a sentença. As vítimas viverão em lágrimas para o resto da vida".

Sem perdão

Jung ganhou fama em 2014, quando ficou em terceiro lugar no programa de talentos "Super Star K" e teve vários sucessos solo antes do escândalo do vídeo em março, quando anunciou a sua retirada da vida artística.

Na altura, as acusações de violação ainda não eram do conhecimento geral, mas o artista comentou que "havia cometido crimes que não poderiam ser perdoados".

"Peço desculpas às mulheres vítimas que estão a sofrer por minha causa e aos fãs", declarou, acrescentando que "passaria o resto da vida a refletir sobre os erros".

Não houve declarações imediatas dos seus advogados ou de sua editora após o anúncio da condenação.

Conhecidos como "molka", os vídeos de câmaras escondidas são em grande parte feitos por homens que registam secretamente mulheres em escolas, casas de banho e em outros espaços, embora o termo também possa ser aplicado a imagens clandestinas de sexo consensual.

O veredito desta sexta-feira ocorreu poucos dias após a morte de Goo Hara, uma ex-elemento do grupo Kara, num aparente suicídio depois de ter sido chantageada por "pornografia de vingança" - vídeos de sexo privados feitos com ou sem consentimento, mas compartilhados sem a permissão do ex-parceiro.

O ex-namorado de Goo ameaçou no ano passado "acabar com a sua carreira no entretenimento" ao partilhar imagens dos dois a terem relações sexuais depois de se terem separado. Mais tarde, foi condenado por chantagem.

Cerca de 5.500 pessoas foram presas por crimes do tipo "molka" no ano passado, 97% delas homens, segundo dados da polícia.