O palco para a estreia do espetáculo é o Espaço Miguel Torga, no concelho de Sabrosa, a terra natal de Aires Torres. O ator, militar, poeta e revolucionário nasceu em 1893, na localidade de Parada do Pinhão, e morreu em 1979.

A organização referiu, em comunicado, que “Inquietação com as Voltas do Mundo” vai levar o público a “assistir ao cruzamento de várias linguagens artísticas para viajar pela obra do autor”.

Ou seja, “entre dança, música, teatro e vídeo, a poesia de Aires Torres ganha corpo depois de ter sido silenciada durante toda a sua vida", reforçando “a defesa da liberdade e da democracia em tempo de pandemia”.

“Aires Torres é a inspiração para a ativação de pensamento e questionamento atual que nos lembram, mais uma vez, que há lutas que temos que continuar a travar. A obra em que nos baseamos é de uma atualidade e reflexividade extenuantes, que se coadunam na perfeição com os tempos que estamos a viver”, afirmou Mariana Amorim, bisneta de Aires Torres e diretora da Esquiva, citada no comunicado.

Mariana Amorim acrescentou que se assiste “sem inocência à queda de vários regimes democráticos, à emersão de ditaduras militares, de autocratas, e à imersão de valores éticos e morais explanados numa sociedade cada vez mais global e massificada”.

“Temos uma inquietação natural com as voltas do Mundo”, concluiu.

Depois da estreia em Sabrosa, no distrito de Vila Real, o espetáculo vai percorrer o país até ao outono, passando por Vila Nova de Gaia, Gondomar, Oeiras, Mondim de Basto e ainda Londres (Inglaterra).

Com interpretação teatral e de dança de Tommy Luther e Huíla Samara, respetivamente, “Inquietação com as Voltas do Mundo” conta com coreografia, dramaturgia e produção de Mariana Amorim, a que se junta a composição e interpretação musical de Domingos Alves, a direção plástica e ilustração de Clara Rêgo e a direção técnica e desenho de luz de Eduardo Pousa.

A obra de Aires Torres é relativamente escassa, limitando-se a dois livros “Inquietação” (1925) , “Anda às voltas o mundo (1946) e alguns dispersos e foi reunida na “Obra poética”, de 2007.

Para além de poeta, José Augusto Aires Torres foi ator do quadro do Teatro Nacional, militar e opositor ao Estado Novo.