O certame é organizado por aquela autarquia do distrito de Aveiro, que para a edição que coincide com os 50 anos do 25 de Abril diz ter preparado “um programa eclético e plural”, que reúne “predicados para todos os públicos, mesmo os que não têm hábitos de leitura enraizados”, e com todos eles pretende celebrar “a liberdade de pensar, escrever e dizer”.

São esses os objetivos identificados pelo presidente da Câmara de Ovar, Domingos Silva, que realça o crescimento que o evento registou ao longo das suas dez edições e revela alguns dos números que marcam a deste ano: “Quarenta e nove iniciativas, nove mesas temáticas, 104 autores, atores e músicos, 15 apresentações de livros, duas peças de teatro, três concertos, cinco oficinas, três sessões de contos, três dias de jornadas literárias”.

Dada essa dimensão, o autarca social-democrata realça à agência Lusa que “o Festival Literário de Ovar já é uma referência na cultura do concelho e da região”, crescendo de ano para ano, captando novos públicos e, “em particular, chegando também a centenas de crianças e jovens que, anualmente, encontram no evento um espaço privilegiado de contacto com a leitura e a escrita”.

Para Domingos Silva, essa aproximação aos livros deve ser uma prioridade na formação das novas gerações: “O 25 de Abril teve um papel fulcral no acesso à leitura e continuamos caminho, com o objetivo de aproximar escritores e leitores, estimulando a leitura e a criatividade em todas as idades, e celebrando juntos a liberdade que Abril nos permite viver”.

Entre as várias propostas do festival, inclui-se a exibição do filme “A Pedra Sonha Dar Flor”, realizado por Rodrigo Areias, que foi rodado no concelho de Ovar e conta com a participação da comunidade local.

No que se refere a palestras, destaca-se a que junta o músico António Manuel Ribeiro, vocalista da banda UHF e autor de livros de poesia e de um relato da sua experiência pessoal com uma perseguidora obsessiva, e também o arquiteto e escritor Manuel de Queiroz, que assina “Os passos da glória” e venceu o Prémio PEN Clube para Primeira Obra em 2002. A moderação estará a cargo de Bruno Henriques, cocriador da personagem satírica Jovem Conservador de Direita.

Na oferta de teatro, por sua vez, as principais expectativas são relativas ao espetáculo “Guião para um país possível”, com dramaturgia e encenação de Sara Leitão Barros, a partir de 50 anos de diários da Assembleia da República, e “A Noite”, a primeira peça escrita por José Saramago, com Diogo Morgado, Jorge Corrula e João Didelet no elenco.

Já a banda Sangue Suor é a que mais se salienta no cartaz musical, anunciando como convidadas do seu concerto as cantoras Surma e Ana Deus.

Do programa do festival constam ainda iniciativas como a mostra bibliográfica “500 anos do nascimento de Luís de Camões”, que inclui exemplares raros à guarda da Biblioteca Municipal de Ovar, e a visita encenada “Vareira cheia de graça”, pelas ruas da antiga vila de Ovar.

Especialmente para o público infantil, além de apresentações de livros e sessões de contos haverá oficinas de ilustração, concentrando-se essas propostas nos dois últimos dias do evento e em espaços ao ar livre, nomeadamente o Parque Urbano de Ovar, o Jardim dos Campos e o Parque Ambiental do Buçaquinho.

O certame integra ainda, nos dias 19 a 21, as Jornadas Literárias, com um programa especificamente preparado para professores e dedicado à reflexão de assuntos como “Temas polémicos na literatura para adolescentes”.