“Quero acima de tudo saber quem se vai responsabilizar por isto”, questiona Nádia Lima, que perdeu a sua viatura no fogo de quarta-feira à tarde, o qual destruiu um total de 422 veículos, danificando ainda parcialmente outros nove, nas imediações do "Andanças", em Castelo de Vide, no distrito de Portalegre.
“Faltam muitas respostas. As pessoas estão muito desorientadas”, diz à agência Lusa a psicóloga clínica e escritora, residente no Porto, que perdeu vários exemplares do seu livro “A mente da mente”, que se encontravam no interior do seu carro.
Ao lado, outro festivaleiro, Rui Silva, oriundo de Gondomar, também ficou sem automóvel e procura respostas.
“Já forneci os meus dados, já fui questionado pela GNR e pela companhia de seguros, mas faltam ainda algumas respostas, principalmente da organização que ontem (quarta-feira) esteve impecável ao ajudar as pessoas, mas falta ainda saber determinados pormenores quanto ao futuro”, diz.
Ao longo do dia hoje, a Polícia Judiciária tem procedido a investigações junto das viaturas, enquanto pelo parque de estacionamento passam vários proprietários que tentam perceber, no local, o estado em que se encontram os seus automóveis.
A tarefa nem sempre tem sido possível efetuar da melhor forma, como relata à Lusa Cláudia Abreu, que tentou identificar o seu carro.
“Nós queremos, no mínimo, tentar ver e fotografar as nossas viaturas. Ainda não vi o meu carro e quero tentar perceber se era o nosso carro ou não, o estrago é de tal maneira que estávamos a tentar identificar”, diz.
Num outro ponto do recinto, a GNR recebe os festivaleiros afetados para proceder à identificação dos carros e dos seus proprietários.
Enquanto as atividades do festival “Andanças” decorrem com normalidade, o município de Castelo de Vide está a apoiar a organização do evento em termos logísticos e de transportes.
“Nós estamos a prestar apoio logístico e em transportes às pessoas nas suas deslocações de regresso a casa”, indica à Lusa António Pita, presidente da câmara municipal.
“Algumas famílias também tinham carência de roupas e alimentos e, nesse aspeto, estamos a dar apoio, principalmente aos festivaleiros mais jovens. Já reunimos um conjunto de donativos de forma a distribuir pelas pessoas”, acrescenta.
A direção da associação PédeXumbo, promotora do Festival “Andanças”, lamentou hoje, comunicado, “os danos psicológicos e materiais” resultantes do incêndio de quarta-feira.
A entidade, “em primeiro lugar”, lamentou “a ocorrência e os danos psicológicos e materiais resultantes, bem como todos os transtornos ainda existentes que afetaram, direta ou indiretamente, todos os participantes e a própria organização”.
O processo de peritagem oficial “está em curso pelas entidades responsáveis”, destaca ainda a entidade organizadora do festival, que frisou “continuar a envidar todos os esforços para apoiar e acompanhar as pessoas envolvidas”.
A 21.ª edição do “Andanças” - Festival Internacional de Danças Populares decorre, desde segunda-feira e até domingo, numa área de 28 hectares nas margens da albufeira de Póvoa e Meadas, no concelho alentejano de Castelo de Vide, esperando um total de 40 mil visitantes.
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