A esposa do outrora poderoso produtor de Hollywood Harvey Weinstein, a estilista britânica Georgina Chapman, rompeu o seu silêncio numa entrevista à Vogue, na qual afirma que "nunca" suspeitou de seu marido e que foi muito "ingénua".

"Houve uma parte de mim que foi terrivelmente ingénua. Claramente, fui muito ingénua", disse Chapman, de 42 anos, numa longa entrevista à Vogue publicada esta quinta-feira, sete meses depois de surgirem as denúncias contra o seu marido por assédio, agressão sexual e violação de mais de 100 mulheres.

"Tinha o que pensava que era um casamento feliz. Amava a minha vida", disse a estilista, fotografada para a entrevista por Anne Leibovitz numa praia de pedras.

Questionada sobre se alguma vez suspeitou de algo estranho em relação ao marido, respondeu: "Absolutamente não. Nunca".

Chapman, cofundadora da marca Marchesa, deixou Weinstein, com que se casou em 2007 e teve dois filhos, pouco depois do escândalo ser revelado, e agora estão a divorciar-se.

"Perdi cinco quilos em cinco dias. Não conseguia manter a comida dentro", contou.

O escândalo foi revelado após artigos publicados em outubro pela revista New Yorker e pelo jornal New York Times. A carreira de Weinstein foi arruinada, ele está sendo investigado pela polícia, a sua produtora declarou falência e o caso deu origem ao movimento #MeToo contra o assédio sexual, que derrubou homens poderosos em várias indústrias, da música aos meios de comunicação, passando pela política.

Chapman fugiu de Nova Iorque para Los Angeles e depois para Londres, e diz que não saiu de casa durante cinco meses.

"Sentia-me tão humilhada e destruída", disse.

Marchesa cancelou o seu desfile na New York Fashion Week de fevereiro, e há rumores de que a marca, que ganhou fama vestindo estrelas de filmes produzidos por Weinstein, como Renée Zellweger e Anne Hathaway, não sobreviverá.

Mas na segunda-feira passada, a atriz Scarlett Johansson escolheu um elegante vestido Marchesa para a célebre gala do Museu Metropolitano de Nova Iorque, e Chapman disse à Vogue que tem clientes fiéis.

Embora tenha dito à revista que se não se considerava uma vítima, chorou quando falou dos seus filhos.

"Como serão as suas vidas?", questionou. "Eles amam o pai. Amam", disse à Vogue. "Não posso tolerá-lo por eles!"

Chapman planeia se mudar com os filhos para um local no estado de Nova Iorque.

A entrevista também revela que Chapman se aproximou de Huma Abedin, a ex-assessora de Hillary Clinton cujo marido, Anthony Weiner, foi condenado por enviar mensagens de texto com conteúdo sexual a uma jovem de 15 anos.

"As pessoas não se sentem mal por nós, não há esse tipo de empatia. As pessoas pensam que você é bonita, magra, rica", disse Abedin à Vogue.