“No próximo dia 27 de setembro, o país homenageia Eça de Queiroz com Honras de Panteão Nacional. Antes das cerimónias em Lisboa, nas quais ocorrerá a trasladação dos restos mortais do escritor, a Fundação Eça de Queiroz promove um fim de semana com diversas iniciativas”, anunciou hoje a fundação em comunicado.

A entrega do Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz, visitas de entrada gratuita à casa-museu, que inclui uma mostra de manuscritos e objetos pessoais do escritor, a gravação de um documentário e a presença solene do caixão em câmara-ardente na Casa de Tormes, no concelho de Baião, distrito do Porto, são as iniciativas previstas.

No sábado, dia 23 de setembro, entre as 9h30 e as 16h30, Tormes estará em regime de casa aberta: as visitas guiadas são gratuitas de hora a hora e não precisam de marcação.

A visita incluirá uma “mostra única do arquivo pessoal de Eça de Queiroz, com documentos e peças raramente mostrados ao público, como desenhos, manuscritos, documentos da carreira diplomática e pequenas recordações pessoais”, revelou a Fundação Eça de Queiroz (FEQ), acrescentando que estarão também expostas todas as primeiras edições em vida, patentes no Núcleo Luís Santos Ferro.

Durante esse dia, os escritores Almeida Faria, Ana Maria Magalhães, Joana Bértholo e Frederico Pedreira, entre outros, vão gravar em Tormes - a convite da Câmara Municipal de Baião - um documentário produzido e realizado por Ricardo Espírito Santo.

“Deste modo, no cenário que inspirou ‘A Cidade e as Serras’, alguns nomes relevantes da literatura contemporânea testemunham a importância da obra queirosiana”, destaca a FEQ.

Às 18h00 terá lugar a entrega do Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz/Fundação Millennium bcp à vencedora da edição deste ano, Joana Bértholo, pelo romance “A História de Roma”, estando prevista uma intervenção do ensaísta e professor Carlos Reis, especialista em estudos queirosianos, que fará o elogio da obra.

Após a entrega do prémio, segue-se um jantar-tertúlia no Restaurante de Tormes, para convidados.

No domingo, dia 24 de setembro, o caixão com os restos mortais de Eça de Queiroz estará em câmara-ardente no ‘hall’ principal da Casa de Tormes, perto dos objetos que o rodearam em vida, como a secretária onde escrevia e os livros da sua biblioteca.

“Este momento simbólico e solene é a derradeira despedida da quinta de Santa Cruz antes da partida para Lisboa. Os visitantes poderão prestar homenagem das 09:30 às 17:30”, indica a fundação.

A trasladação de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional está marcada para dia 27 de setembro, na sequência de uma resolução aprovada em plenário em janeiro de 2021, a partir de uma proposta da fundação, mas foi recentemente contestada por um grupo minoritário de herdeiros, que a quer travar.

No entanto, o grupo de trabalho responsável pelo processo mantém que a trasladação vai prosseguir como programada, porque nenhuma iniciativa formal foi tomada no sentido de impedir que tal aconteça.

Segundo o coordenador do grupo – e já depois de o assunto ter sido discutido na Conferencia de Líderes parlamentares –, são seis, de entre 19 bisnetos, que se opõem à trasladação e que nada mais fizeram do que escrever ao presidente da Assembleia da República para propor que as honras sejam concedidas através da aposição de uma lápide evocativa no Panteão, sem a trasladação dos restos mortais, que devem continuar em Tormes.

Segundo o deputado Pedro Delgado Alves, a própria FEQ, presidida pelo escritor Afonso Reis Cabral (um dos bisnetos de Eça de Queiroz), afirma não ter recebido qualquer pedido, no sentido de travar a trasladação.