A 15 de junho, George Clooney participou ao lado de muitas personalidades, de Julia Roberts a Barbra Streisand e o ex-Presidente Barack Obama, numa campanha em Los Angeles que reuniu mais de 28 milhões de dólares (26 milhões de euros) para a candidatura presidencial de reeleição de Joe Biden.

Foi um montante histórico para uma única ação democrata de angariação de fundos.

Esta quarta-feira, o ator apelou e Biden que desista para abrir caminho a um novo candidato.

“Adoro Joe Biden. Como senador. Como Vice-Presidente e como Presidente. Considero-o um amigo e acredito nele. Acredito no seu caráter. Acredito na sua moral. Nos últimos quatro anos, ele venceu muitas das batalhas que enfrentou", escreve num artigo de opinião para o The New York Times.

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“Mas a única batalha que ele não consegue vencer é a luta contra o tempo. Nenhum de nós consegue. É devastador dizer isto, mas o Joe Biden com quem estive há três semanas na angariação de fundos não era o de 2010. Nem sequer o de 2020. Era o mesmo homem todos nós testemunhámos no debate”, nota.

As justificações de Biden sobre o mau desempenho com Donald Trump numa entrevista a George Stephanopoulos emitida na sexta-feira (5 de julho) também não convenceram aquele que é um dos mais influentes ativistas e apoiantes do Partido Democrata.

“Estava cansado? Sim. Uma constipação? Talvez. Mas os líderes do nosso partido precisam parar de nos dizer que 51 milhões de pessoas não viram o que acabámos de ver. Estamos todos tão aterrorizados com a perspetiva de um segundo mandato de Trump que optamos por ignorar todos os sinais de alerta. A entrevista com George Stephanopoulos apenas reforçou o que vimos na semana anterior. Como democratas, prendemos coletivamente a respiração ou baixamos o volume sempre que vemos o Presidente, que respeitamos, sair do Air Force One ou regressar a um microfone para responder a uma pergunta improvisada”, comenta.

Clooney também partilha dos receios de outros democratas de que a presença de Biden na corrida coloca em risco candidatos do partido para o Senado e a Câmara dos Representantes.

“Isto é uma questão de idade. Nada mais. Mas também nada que possa ser revertido. Não vamos vencer em novembro com este presidente. Além disso, não ganharemos a Câmara e perderemos o Senado. Esta não é apenas a minha opinião; esta é a opinião de todos os senadores, congressistas e governadores com quem conversei em privado. Cada um, independentemente do que diga publicamente”, explica.

Apelando aos principais líderes democratas para que peçam a Biden para desistir, o ator sugeriu um processo 'no pouco tempo que temos' que permita a vários potenciais candidatos apresentarem-se como nomeados sem ataques mútuos, concentrando-se em soluções para os EUA.

Sem manifestar apoio, citou Wes Moore [Governador de Maryland], Kamala Harris [Vice-Presidente], Gretchen Whitmer [Governadora de Michigan], Gavin Newsom [Governador da Califórnia], Andy Beshear [Governador do Kentucky] e J.B. Pritzker [Governador de Illinois] e 'outros'.

“Joe Biden é um herói; salvou a democracia em 2020. Precisamos que faça o mesmo em 2024", conclui o depoimento.

Esta quarta-feira, o próprio George Stephanopoulos pediu desculpa após ter sido apanhado por uma câmara a dizer que achava Biden não conseguia cumprir o segundo mandato como presidente.

"O que acha, o Biden deveria renunciar? Você conversou com ele mais do que qualquer outra pessoa ultimamente", perguntou um transeunte ao encontrar o jornalista em traje desportivo numa rua de Nova Iorque.

“Acho que ele não consegue cumprir mais quatro anos”, foi a resposta que se ouve num vídeo obtido pelo TMZ.