Agrava-se a polémica à volta de Gérard Depardieu.

Segundo o comunicado divulgado pelos seus advogados, o ator, acusado de violação desde 2020, decidiu colocar a sua Legião de Honra “à disposição” da ministra da Cultura, que anunciou o início de um processo que lhe poderá retirar a mais elevada condecoração do país, entregue a 2 de maio de 1996 pelo então presidente Jacques Chirac.

No sábado, a pequena cidade belga de Estaimpuis anunciou que iria retirar ao ator o título de cidadão honorário: Depardieu mudou-se para a localidade em 2012, alegadamente para pagar menos impostos.

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Esta segunda-feira, a sua estátua de cera também foi retirada da área de visitas do Museu Grévin, em Paris, por causa das "reações negativas dos visitantes [ao passarem pela estátua] e nas nossas redes sociais".

No comunicado, os advogados do ator consideram que a iniciativa da ministra da Cultura, Rima Abdul Malak, poderá “desferir [...] mais um golpe numa presunção de inocência que já está a morrer”.

Depardieu, de 74 anos, é acusado desde dezembro de 2020 de violar e agredir sexualmente a atriz Charlotte Arnould, que denunciou duas violações na casa do ator em Paris, em agosto de 2018. Acusações que o visado refuta.

Os advogados Béatrice Geissmann Achille e Christian Saint-Palais questionam-se também se é “competência” de Rima Abdul Malak participar “tão ativamente na caça a este homem” e no “linchamento mediático” de que, segundo dizem, o seu cliente é alvo.

Na sexta-feira, a ministra disse que se sentiu “enojada” com os comentários e a atitude do ator durante uma viagem à Coreia do Norte em 2018, que “envergonha a França”.

Depardieu fez comentários inapropriados, bem como gestos e ruídos na garganta que imitavam atos sexuais enquanto conversava com mulheres, segundo imagens transmitidas numa reportagem a 7 de dezembro pela France 2, o maior canal nacional.