O compositor Jorge Fernando, de 60 anos, autor de fados como “Os Búzios” ou “Boa Noite, Solidão”, está também presente para celebrar os seus 40 anos de carreira multifacetada, que passa pelo fado, a canção, a balada, a produção discográfica e a autoria de letras e de músicas.

No palco, os diferentes músicos vão interpretar, em duo com Jorge Fernando, temas de sua autoria como “Chuva” ou “Pode ser Saudade”.

Jorge Fernando deu os primeiros passos nas lides musicais na banda Futuro, mas fascinou-se pelo fado quando, por acaso, conheceu o fadista Fernando Maurício (1933-2003) para quem escreveu, e que acompanhou à viola, vindo mais tarde a fazer parte do grupo de acompanhadores de Amália Rodrigues.

Autor de temas como “Quem Vai ao Fado”, gravou os primeiros discos a solo na década de 1970 para a discográfica Alvorada, tendo escolhido, entre outros, os temas "Trigueirinha", "Se Me Pedisses Desculpa" e "Semente do amor".

O guitarrista Alcino Frazão (1961-1988) foi um dos músicos que marcaram o seu percurso, e com quem tocou.

Em 1982, participou no álbum "Fado!", de Nuno da Câmara Pereira e, no ano seguinte, concorreu ao Festival RTP das Canção com “Trago Rosas Brancas para o Meu Amor”, letra e música de sua autoria, que gravou em espanhol.

Estava traçado o seu percurso como cantor, tendo em 1984 editado o ‘single’ “Fiz-me Vagabundo". No ano seguinte regressou ao Festival RTP da Canção com "Umbadá", também de sua autoria, tendo nesse ano representado Portugal no Festival OTI da canção Ibero-Americana, em Sevilha.

No ano seguinte editou o seu primeiro álbum, "Enamorado", que inclui temas como "Mulata" e "Lua Feiticeira Nua", ao qual sucedeu em 1988 "Coisas da Vida" que inclui o tema "Quando Eu Nasci”. Nesse ano ganhou o Prémio Popularidade, da Rádio Comercial, por votação do público.

Em 1989 editou o seu primeiro álbum totalmente dedicado ao fado, "Boa Noite Solidão", no qual contou com as colaborações de Fernando Maurício, seu ídolo desde os 16 anos, quando se conheceram, mas também Maria da Fé e José Manuel Barreto.

Regressou ao Festival RTP em 1990, com a canção "Via Área" e, no ano seguinte, saiu o álbum "À Tua Porta".

Nesta década iniciou-se como produtor discográfico, tendo produzido os álbuns "Notas Sobre a Alma", de Paulo Bragança, e “"Notas à Guitarra", de António Pinto Basto.

Desde então assumiu a produção de álbuns de diferentes intérpretes, nomeadamente Mariza, Ana Moura, Fábia Rebordão, Filipa Cardoso e Miguel Ramos, entre outros.

Jorge Fernando divide a carreira pelos seus projetos a solo, por parcerias com outros músicos, pela produção e até pelo projeto de uma discográfica com o fadista José Gonçalez e o empresário Luís Montez, no âmbito da Rádio Amália.

Em 1993 editou o álbum "Oxála", um dos mais aclamados pela crítica musical nacional, a que se seguiu "Terra d'Água" (1997), “Rumo Ao Sul" (1999), “Inéditos"(2000), gravado ao vivo no Tivoli, e, em 2001, o livro/CD "Terras do Risco", projeto do pianista italiano Arrigo Cappelletti, com poemas de Fernando Pessoa, Mário Sá-Carneiro e Eugénio de Andrade.

Da sua vasta discografia destacam-se ainda os álbuns "Velho Fado", de 2002, e “Fados de Amor & Raiva”, de 2008.

O músico, em declarações à Lusa em outubro de 2012, disse que se emociona sempre que sobe a um palco, e não escondeu o orgulho de já ter atuado, entre outros, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no Carnegie Hall, em Nova Iorque, e no Concertgebouw, em Amesterdão.

Jorge Fernando já gravou e atuou com músicos como Argentina Santos, Fausto, Guilherme Banza, Patxi Andión, Ricardo Ribeiro, Custódio Castelo e Gustavo Ruiz, entre muitos mais.

A receita do espetáculo de quinta-feira, “Uma homenagem às Canções de Jorge Fernando”, reverte para a Associação Novo Futuro, uma instituição particular solidariedade social, que existe desde 1996, e “tem como missão o acolhimento em pequenos lares familiares de crianças e jovens em risco social, privados de um ambiente familiar seguro, com histórias marcadas pela exposição involuntária a situações de abuso, negligência e maus-tratos físicos e psicológicos, privilegiando-se o acolhimento de grupos de irmãos”, segundo nota da organização do espetáculo.

Atualmente, esta associação tem oito lares que acolhem 73 crianças e jovens, com idades compreendidas entre os cinco e os 19 anos, que são “acompanhados e orientados por uma equipa técnica e educativa especializada”.