Um livro inédito de Agustina Bessa-Luís, que reúne crónicas radiofónicas transmitidas entre 1978 e 1979, no programa “Crónica da manhã”, na RDP, é publicado em dezembro.

“Em dezembro chega às livrarias um inédito de Agustina Bessa-Luís, ‘Crónica da Manhã’”, afirma o comunicado da editora Babel, que chancela a obra.

Segundo a mesma fonte, o livro reúne 23 crónicas proferidas por Agustina Bessa-Luís no programa da RDP “Crónica da nanhã”, que era emitido diariamente, havendo ao domingo um compacto intitulado “Sete Crónicas”, com edição de Mário Figueiredo.

As crónicas de Agustina Bessa-Luís foram emitidas de 6 de outubro de 1978 a 23 de fevereiro de 1979, eram gravadas na RDP Norte, e transmitidas à sexta-feira.

Nos últimos anos têm vindo a ser publicados vários inéditos da autora d’”A Sibila”, nomeadamente cinco manuscritos da década de 1960 que integram o volume “Elogio inacabado”, publicado em agosto do ano passado, pela Fundação Calouste Gulbenkian.

O volume inclui os títulos "Homens e mulheres", "As grandes mudanças", "Coração-de-Água", "O caçador Nemrod" e "Os meninos flutuantes".

Trata-se de "esboços de romances que Agustina Bessa-Luís escreveu durante um interregno editorial que só terminou em 1970, com a publicação de As Categorias" explicou na ocasião a Fundação.

Em 2013, em declarações à Lusa, a filha da escritora, Mónica Baldaque, afirmou que estava a ser organizado o arquivo de Agustina Bessa-Luís, atualmente com 93 anos, tendo afirmado que havia “centenas de papelinhos escritos por si, notas que registava em faturas, em agendas, aforismos, pensamentos que, de alguma forma, iria utilizar na obra".

O primeiro livro de Agustina Bessa-Luís, "Mundo Fechado", foi publicado em 1948. Desde então a escritora publicou ficção, ensaios, teatro, crónicas, memórias, biografias e livros para crianças.

Várias obras suas foram adaptadas ao cinema por realizadores como Manoel de Oliveira ("Fanny Owen", "Vale Abraão") e João Botelho ("A corte do norte").

O romance "A Sibilia", publicado há 60 anos, valeu-lhe os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, os primeiros de uma lista de vários galardões, entre os quais o de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra "Os meninos de ouro", e que voltou a receber em 2001, com "Joia de família".

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com, entre outros, os Prémios Camões e Vergílio Ferreira, ambos em 2004, e o Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, em 2005.

"O comum dos mortais", "A quinta-essência", a trilogia "O princípio da incerteza", "Antes do degelo", "Doidos e amantes" contam-se entre os seus títulos.