"Viver este momento depois de 60 anos de carreira é a prova de que os meus sonhos jamais envelheceram", disse o artista vencedor de cinco Grammys, aplaudido de pé por cerca de 1200 pessoas no passado sábado, no auditório Cidade das Artes, no Rio de Janeiro.
A digressão "Milton Nascimento: A Última Sessão de Música" inclui 26 datas em cidades como São Paulo, Barcelona, Londres ou Nova Iorque. O artista também passará por Portugal, atuando a 23 de junho, em Lisboa, no Coliseu dos Recreios; a 26 de junho, em Castelo Branco, no Cineteatro Avenida; a 29 de junho, no Porto, na Casa da Música; e a 2 de julho, em Braga, no Theatro Circo.
O concerto deste sábado, para convidados e com cerca de 800 lugares vendidos exclusivamente por meio de NFTs, bilhete que uma incluía arte digital assinada pelo artista.
Prestes a completar 80 anos, "Bituca", como é chamado carinhosamente, entrou em cena a tocar sanfona, vestindo um manto amarelo bordado com estampas coloridas e a careca descoberta.
Acompanhado pela sua banda com baixo, teclado, guitarras e percussão, revisitou os temas que o tornaram uma lenda viva da Música Popular Brasileira, com 42 álbuns editados.
O compositor e cantor de voz envolvente brilha há seis décadas nos palcos de todo o mundo com o seu estilo sincrético entre jazz, pop, música clássica e tradicional que o levou a colaborar com os mais conceituados artistas nacionais e internacionais.
Sentado, com a voz um pouco áspera pela idade, mas com o sorriso intacto, fez o público vibrar com músicas como "Maria Maria", "Canção da América", "Travessia" e "Bailes da Vida".
"Quero agradecer a todos vocês por tornarem a minha vida tão linda", disse o ex-membro do Clube da Esquina, grupo que formou na década de 1960 com os irmãos Borges e outros músicos, considerado um dos principais movimentos musicais da história do Brasil e da América.
Oportunidade "indescritível"
Rafael Speck, um dos fãs do cantor, saiu emocionado.
"É emocionante porque a gente vê o quanto ele se esforça. (..) Assim, claro, com a questão da idade, mas a gente vê que a energia dele continua e todo o talento dele", disse à AFP.
"É a última oportunidade de vê-lo em um palco. É algo indescritível", disse André Reis, que também estava no concerto.
Milton Nascimento nasceu a 26 de outubro de 1942 no Rio de Janeiro, mas criou-se musicalmente em Minas Gerais.
A sua musa inspiradora foi Elis Regina (1945-1982), uma das vozes mais emblemáticas da MPB, que por sua vez afirmava: "se Deus tivesse voz, seria a de Milton Nascimento".
O espetáculo de despedida de Milton será apresentado esta semana no Torino Jazz Festival, em Itália, e em Barcelona. Em seguida, irá para Londres, onde os bilhetes já estão esgotados, assim como em todos os shows previstos no Brasil.
O encerramento da digressão será no dia 13 de novembro no estádio "Mineirão", em Belo Horizonte. Lá, Nascimento vai cantar seu último adeus, como o próprio disse, "apenas dos palcos (...) da música, jamais".
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