O espetáculo, “Mísia e os seus Poetas”, conta com a participação de Adriana Calcanhotto, com quem a fadista natural do Porto já gravou, designadamente, o tema “O Corvo”, e partilhou palcos, como aconteceu no Festival Únicas, em Barcelona, em 2007.

Ao grande palco belenense, além de Mísia e Adriana Calcanhotto, sobem também os músicos Luís Guerreiro, na guitarra portuguesa, Daniel Pinto, na viola, André Gato, no baixo, Ricardo Dias, no piano e acordeão, Fabrizio Romano, no piano, e Luís Cunha, no violino.

Em comunicado, o CCB adiantou que a criadora de “O Manto da Rainha” apresentará “um espetáculo, agarrando no rico repertório de fado tradicional e adornando-o com poemas escritos para a sua voz por alguns poetas e escritores contemporâneos como Agustina Bessa-Luís, Vasco Graça Moura, Lídia Jorge, Hélia Correia, Mário Cláudio, José Luís Peixoto, Paulo José Miranda ou José Saramago”.

Em declarações à agência Lusa, Mísia afirmou que “criou uma sonoridade própria ao trazer para o fado instrumentos como o violino, o acordeão e o piano, e tem a particularidade de cantar textos de poetas contemporâneos que escreveram especialmente para a sua voz”. O único poema conhecido de Agustina Bessa-Luís, “Garra dos Sentidos”, foi gravado por Mísia na melodia do fado menor.

Mísia gravou também poemas de Fernando Pessoa, Natália Correia, Florbela Espanca, António Botto, Mário de Sá-Carneiro, Carlos Drummond de Andrade, Antonio Tabucchi e Amália Rodrigues, a quem dedicou um dos seus mais recentes álbuns, o disco duplo “Para Amália”, galardoado em França com o “Coup de Coeur” da Académie Charles Cros.

“Tal como Amália antes de si, Mísia também soube construir uma extensa lista de relações entre a sua voz e a melhor poesia: são fundas as palavras a que a sua voz gosta de se entregar”, realça, em comunicado a promotora da artista, que aponta Mísia, “algures entre a tradição e o futuro”.

Mísia iniciou-se na carreira artística na Catalunha, mas só a partir da década de 1990 se dedicou ao fado, editando o primeiro álbum, em nome próprio, em 1991, ao que se sucedeu, em 1993, "Fado" e, mais tarde, em 1998, "Garra dos sentidos", distinguido com o Prémio Charles Cross, em França.

Desde então a intérprete tem pisado os mais diferentes palcos do mundo e gravado fado e outras músicas, como canção napolitana e tangos.

"Paixões Diagonais", em que Mísia é acompanhada por Maria João Pires, foi editado em 1999, após a distinção da academia francesa, e, em 2003, com música de Carlos Paredes e textos de diferentes poetas, gravou o álbum "Canto", que lhe valeu o Prémio da Crítica Alemã.

"Drama Box" e "Ruas" são outros álbuns da intérprete que, entre outros artistas e agrupamentos, gravou com o ensemble L'Arpeggiata, da harpista e musicóloga austríaca Christina Pluhar.

Em 2013 editou o álbum “Delikatessen - Café Concerto”, que apresentou como “um menu fantástico de canções, que têm um toque bastante kitsch e cinematográfico”, que inclui um inédito de Tiago Torres da Silva, “Rasto Infinito”.

O álbum “Para Amália”, editado em maio de 2015, sucedeu “Do Primeiro Fado ao Último Tango”, também um duplo CD, que sintetiza uma carreira de 25 anos, e que apresentou em dezembro último no Teatro Trindade, em Lisboa.

Mísia, ao longo da sua carreira, tem arrecadado diferentes distinções, entre as quais a Ordem das Artes e Letras de França, em 2011, a Ordem de Mérito Civil em Portugal, o Prémio Gilda no 33.° Festival Cinema e Donne, em Itália, pela sua participação no filme “Passione”, realizado por John Turturro. Em 2012, recebeu o Prémio Amália Rodrigues na categoria Divulgação Internacional.