Joshua Beamish, que não tem ligação a qualquer país lusófono, diz que encontrou a palavra em português quando criava a coreografia da nova peça no ano passado.

“Com ajuda de um patrocínio generoso, consegui financiamento para trabalhar com um grupo de bailarinos durante um mês, algumas horas por dia. Encontrei esta palavra quando procurava um título para a peça e ainda não tinha grande ideia do que estava a fazer”, explicou o autor à agência Lusa.

O dançarino diz que, para ele, saudade “refletiu de imediato a forma como a dança existe – abstrata, uma linguagem pouco literal, que permite que projetes a tua própria experiência.”

“Gosto do facto de que a palavra não tenha tradução em inglês, tal como a dança. A minha língua não tem uma única resposta para este estado emocional imensamente complexo. Posso apenas tentar expressá-lo através da 'fisicalidade'”, disse o autor.

“Saudade” é uma produção de “Move: the company”, a companhia de dança que Beamish fundou em 2005, depois de vários anos como dançarino profissional.

Nascido em Vancouver, no Canadá, Beamish já trabalhou com instituições como o britânico The Royal Ballet, o Dutch National ou o The National Ballet of Canada. Participou em muitas residências artísticas, como do New York City Ballet e da Fundação Jerome Robbins.

Em “Saudade”, criou coreografia para seis dançarinos (Nicholas Sciscione, Sean Aaron Carmon, Lloyd Knight, David Norsworthy, Dominic Santia, Timothy Stickney), que já trabalharam com companhias de dança como a Alvin Ailey ou Martha Graham, que se afirmaram como referência da dança contemporânea, a partir de Nova Iorque.

“Uso os dançarinos como figuras fantasmagóricas e sombras. Há imagens e motivos que reaparecem, mas nunca são exatamente iguais. Queria criar uma ligação com a audiência, para que possam seguir os dançarinos nas suas próprias ligações à saudade”, explica.

Com música de Hildur Guonadóttir,,,, para violoncelo, e direção técnica e de luz de Mike Inwood, os passos em palco aliam a técnica do ballet a movimentos de jazz e dança de rua.

“Ao traduzir este sentimento para movimento, foquei-me no peso de cada parte do corpo. Queria sentir como se a saudade pudesse viver em isolamento em cada articulação, músculo, osso ou tendão”, descreve Beamish.

A peça estreou-se em Toronto, no Canadá, no início do ano, e esteve no palco do The Dance Centre, em Vancouver, em setembro.

No BAM, uma das instituições culturais mais reconhecidas de Nova Iorque, estreou-se na quarta-feira e pode ser visto até domingo.

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