“Estreamos os 'Homens Hediondos', que é a nossa segunda produção. É uma encenação da Patrícia Portela, uma dramaturgia da Patrícia Portela. E temos várias estreias de coprodutores, seja do TEP [Teatro Experimental do Porto], com o 'Processo Revolucionário em Curso', seja com o Teatro do Bolhão com a sua apresentação do 'Amor de Perdição', seja uma produção própria que é o 'Pelicano'”, afirmou o diretor artístico do Teatro Nacional de São João (TNSJ), Nuno Cardoso, que vai interpretar o monólogo “Homens Hediondos”.
A peça “Homens Hediondos” é um monólogo, "e o que Patrícia Portela fez foi como aquelas embalagens daqueles sumos com polpa que se compram no supermercado", explicou aos jornalistas Nuno Cardoso, à margem da conferência de imprensa da apresentação da programação para os próximos quatro meses do TNSJ, que se realizou esta tarde.
"Patrícia fez a embalagem com a polpa dos homens hediondos e, portanto, há-se ser o que Deus quiser”, sintetizou o diretor artístico, explicando que homens hediondos “somos todos nós”.
“Sou eu quando tenho medo de alguém à noite ou quando digo uma coisa disparatada sobre outra pessoa que não conheço, é a senhora quando de repente está no 'corte e costura', somos todos nós. […] Somos uma fila indiana, temos os defeitos às costas, as virtudes ao peito e não conseguimos sair disso e, portanto, hediondos somos todos. Não há santos. Há alguns seres excecionais, tipo Mandela, mas se fizer um exercício sobre o século XX só precisas de uma mão”, lamentou o diretor artístico do TNSJ.
A nova produção do TNSJ fica em cena até ao dia 14 e, cinco dias depois, o Teatro Carlos Alberto (TeCA) acolhe mais uma estreia que é uma coprodução: “RE: Antígona”, um espetáculo do Teatro Praga, com texto original de André e. Teodósio e José Maria Vieira Mendes, que fica em cena de 19 a 22 de setembro.
A 31 de outubro, o TeCA estreia “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco, com encenação de Maria João Vicente, em parceria com o Teatro do Bolhão. A peça fica em cena até 10 de novembro.
Antes disso, de 3 a 6 de outubro, o TeCA terá em cena “As grandes comemorações quase oficiais do período habitualmente conhecido como PREC”, com encenação de Gonçalo Amorim. O espetáculo revisita momentos e protagonistas do chamado período Revolucionário em Curso (1974-75) cinquenta anos depois. Trata-se de uma coprodução com o Teatro Experimental do Porto e a ASSéDIO.
Em dezembro, o TeCA volta a receber "O 25 de Abril Nunca Aconteceu", depois da estreia em abril e do sucesso desta coprodução do TNSJ com o Teatro Palmilha Dentada, com texto e encenação de Ricardo Alves.
O TNSJ, por seu lado, reabre as portas ao público a 27 de setembro e acolhe a peça “As Bruxas de Salém”, de Arthur Miller, com encenação de Nuno Cardoso. É o regresso de um espetáculo que se estreou em março de 2023.
A 18 e 19 de outubro, o TNSJ receberá "Rei Édipo", de Sófocles, uma produção do Yugoslav Drama Theatre, de Belgrado, com a tragédia grega transposta para um bar-boîte de 'film noir', encenada pelo esloveno Vito Taufer.
O palco do São João vai ainda receber, de 24 a 27 de outubro, o espetáculo "Terminal (O Estado do Mundo)", que Miguel Fragata e Inês Barahona levaram este ano ao Festival de Avignon, e o musical "O Rouxinol", de Hans Christian Andersen, pelo Teatro Nacional de São Carlos, de 31 de outubro a 1 de novembro.
O destaque de Nuno Cardoso, em novembro, vai para a peça “O Pelicano” (1907), do dramaturgo sueco August Strindberg, com o elenco residente do TNSJ. A estreia está marcada para dia 21, é a terceira produção própria do ano, e a segunda encenada por Nuno Cardoso com o elenco da casa: Joana Carvalho, Lisa Reis, Patrícia Queirós, Paulo Freixinho e Pedro Frias. Fica em cena até 8 de dezembro.
Ainda em novembro, o TNSJ estreia “Na República da Felicidade”, de Martin Crimp, no dia 22, com encenação e cenografia de Fernando Mora Ramos, diretor do Teatro da Rainha.
No ano em que se comemora o 5.º centenário do nascimento do poeta Luís de Camões, o TNSJ começa a assinalar a efeméride com um conjunto de atividades desenvolvidas no âmbito do Centro Educativo, que se prolongam até 2025.
A celebração culmina no próximo ano com a estreia, a 25 de junho, de “Babel”, uma ‘peça-roteiro’ que parte d'"Os Lusíadas" para viajar pela história da língua portuguesa.
Até dezembro de 2025, a programação prevê também as peças “Estaleiro Camões” e um “Atelier 200", nas quais criadores, atores, alunos e comunidades estrangeiras vizinhas do TNSJ e do TeCA se reúnem para testar as possibilidades performativas abertas pela obra do poeta.
O Festival Internacional de Marionetas do Porto regressa ao TNSJ a 11 de outubro, com a exposição "Fimpografias", da fotógrafa Susana Neves, no TeCA, e dois espectáculos no TNSJ: "Géologie d’une Fable", da companhia libanesa Collectif Kahraba, e "Dura Dita Dura", com texto de Regina Guimarães e encenação e interpretação de Igor Gandra, diretor artístico do festival.
De 5 a 7 de dezembro, o TNSJ será anfitrião da Conferência Internacional de Dramaturgia, organizada em parceria com a União de Teatros da Europa, para "analisar a natureza colaborativa da criação teatral, questionar limites e potências da dramaturgia para intervir na atividade política e examinar o impacto da globalização na narrativa teatral".
A programação do TNSJ prevê ainda ciclos de concertos com prelúdios poéticos, oficinas de dramaturgia, lançamento de livros e visitas guiadas, entre outras atividades.
Destaca-se, em particular, o regresso do pianista Pedro Burmester às "Variações Goldberg", de J.S. Bach, em recitais marcados para 19 e 20 de outubro, no Mosteiro de São Bento da Vitória.
A programação integral da temporada está disponível no site do TNSJ.
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