A gravação mais antiga é a única sem público, a Orquestra do Algarve interpretando uma curta peça, “Staccato Brillante”, de Joly Braga Santos (1924-1988), gravada no auditório do Hotel Palácio, no Estoril.

Esta peça foi composta por Braga Santos a pedido de Cassuto, como o maestro o explica no livrete do álbum. A peça foi composta expressamente para o concerto de apresentação da Nova Filarmonia Portuguesa, fundada por Cassuto no verão de 1988.

No CD, “Staccato Brillante” é interpreta pela Orquestra do Algarve, que Cassuto passou a dirigir a partir de 2002. No livrete, o maestro refere que esta orquestra "se tornou um sucesso de imediato, com várias gravações pela Naxos”, mas “dificuldades financeiras e diferenças de opinião quanto ao seu futuro” levaram Cassuto a deixar a orquestra algarvia em 2005, abraçando outro projeto, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, da qual se tornou diretor artístico.

No alinhamento, pela Orquestra do Algarve, incluem-se ainda as Danças Húngaras, de Brahms, com arranjos para orquestra de Martin Schmeling.

Além de Braga Santos e Brahms, o álbum "Álvaro Cassuto. Three Portuguese Orchestras" inclui peças de Mozart, Richard Wagner, Glinka, Richard Strauss e Chabrier, pelas diferentes orquestras, entre elas a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP), criada, sob proposta do Governo, por Cassuto em 1993, composta por 110 músicos, e que se tornou “na maior força musical em Portugal", na opinião do maestro, com a qual gravou várias peças de Braga Santos.

Porém, a “independência desta orquestra”, conta Cassuto, “teve vida curta”, tendo ao fim de seis anos sido integrada no Teatro Nacional de S. Carlos.

Cassuto deixou a OSP e considera que a “atividade sinfónica e artística da orquestra” se tornou secundária face às prioridades operáticas do S. Carlos, o principal palco lírico nacional.

A OSP, neste álbum, sob a direção de Cassuto, interpreta o prelúdio do ato III da ópera “Lohengrin”, de Wagner, gravado em 1994, e ainda, de Strauss, a peça “D. Juan” e a “Dança dos Sete Véus”, da ópera “Salomé”, a rapsódia “España”, de Emmanuel Chabrier, e a abertura da ópera “Ruslan e Ludmila”, de Mikhail Glinka.

Pela Nova Filarmonia Portuguesa (NFP), escuta-se a Sinfonia nº. 35, “Haffner”, de Mozart.

Álvaro Cassuto, 83 anos, estreou-se em 1961, à frente da Orquestra Sinfónica do Porto, sua cidade natal. De 1970 a 1974, trabalhou com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional e, em 1975, foi eleito seu maestro, cargo que exerceu até 1987.

Dirigiu, entretanto, a Filarmónica de Rhode Island (Estados Unidos), de 1979 a 1985, e a Orquestra Nacional de Nova Iorque, com a qual atuou, regularmente, em séries de concertos no Carnegie Hall, em Nova Iorque.

Cassuto é licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa, e obteve o grau de ‘kapellmeister’ em Viena. Em 1969 recebeu o prémio Koussevitzky.

Ao longo da carreira, o maestro portuense dirigiu, entre outras, a Royal Phiharmonic, a London Symphony, The London Philharmonic e a BBC Philarmonic, do Reino Unido, a Orquestra de Filadélfia (Estados Unidos), a Sinfónica de Berlim, e as orquestras russas de Moscovo e São Petersburgo.