“Recebi com profunda tristeza a notícia do falecimento, aos 73 anos, de Jorge Silva Melo, figura maior do teatro e do cinema contemporâneo português, por quem tinha muita estima”, afirmou Ferro Rodrigues numa nota enviada à agência Lusa.

Tradutor, dramaturgo, crítico de teatro e cineasta, Jorge Silva Melo morreu na noite de segunda-feira, aos 73 anos, no Hospital da Luz, em Lisboa, vítima de doença oncológica, como comunicou a companhia Artistas Unidos, que dirigia.

Ferro Rodrigues assinalou que a colaboração de Jorge Silva Melo com a Assembleia da República foi significativa, tendo, em 2003, apresentado “A Forma Justa: Cada Dia e Cada Um, a Liberdade e o Reino”, a partir de discursos proferidos no parlamento, por ocasião do Comemorações do Centenário da Sala das Sessões.

Jorge Silva Melo

Apresentou também em 2004 um recital de poesia e música no âmbito as Comemorações dos 30 anos do 25 de Abril; em 2009, a peça “O Peso das Razões”, de Nuno Júdice, incluída nas Comemorações do Bicentenário do Nascimento de José Estêvão, parlamentar do século XIX; e, em 2016, o espetáculo “Nesta Hora Primeira”, inserido nas Comemorações dos 40 Anos da Constituição, alusivo à Assembleia Constituinte e ao período político de 1975-1976, com texto e encenação suas e produção dos Artistas Unidos.

“Intelectual fulgurante, a sua ausência será fortemente sentida no panorama cultural português, mas igualmente no seu público e admiradores, entre os quais me incluo”, sublinha o presidente da Assembleia da República.

Ferro Rodrigues endereçou, em seu nome do parlamento, “as mais sentidas condolências à sua família, amigos e a todos quantos com ele trabalharam, em especial nos últimos anos nos Artistas Unidos”.

Nascido em Lisboa, a 7 de agosto de 1948, Silva Melo fundou e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, o Teatro da Cornucópia (1973-79), e fundou em 1995 a companhia Artistas Unidos, de que era diretor artístico.

Estudou na London Film School, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e estagiou em Berlim junto do encenador Peter Stein, e em Milão com Giorgio Strehler.

Foi autor das peças "Seis Rapazes Três Raparigas", "O Fim ou Tende Misericórdia de Nós", "Prometeu" e "O Navio dos Negros", entre outras.

No cinema, realizou longas-metragens como "Agosto”, "Coitado do Jorge", "Ninguém Duas Vezes" e "António, Um Rapaz de Lisboa", além de documentários sobre arte e a vida de artistas plásticos, como Nikias Skapinakis, Fernando Lemos e Ângelo de Sousa.

Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller e Harold Pinter.