Luís Sousa Ferreira, adjunto da direção artística do D. Maria II, disse hoje à agência Lusa que o objetivo desta “Odisseia Nacional” é “pensar Portugal” e, ao mesmo tempo, “evidenciar os novos centros culturais, as novas dinâmicas culturais”.
“E que esta ‘Odisseia’ permita também convocar atenções para o trabalho que estes teatros têm vindo a fazer ao longo dos anos é sempre bem-vindo”, acrescentou o diretor artístico do Teatro de Vila Real, Rui Araújo.
A “viagem nacional” tem paragem em Vila Real, onde hoje se estreia a peça “Vida real”, construída com a comunidade local. Depois, vão decorrer também visitas encenadas aos bastidores do teatro municipal com os alunos do ensino básico, terminando a 04 de fevereiro com a apresentação do espetáculo “Casa Portuguesa”, produzido pelo D. Maria.
No primeiro trimestre de 2023, a “Odisseia Nacional” centra atenções no Norte do país, passando por 17 concelhos, seguindo depois viagem em direção ao Sul do país e às ilhas.
Pelo caminho são centenas de propostas que se irão concretizar em mais de 90 concelhos.
“São municípios que têm escalas e abordagens culturais muito diferentes e nós não queremos lá ir levar, não é essa a ideia do Teatro D. Maria, sair de Lisboa para levar alguma coisa. Queremos é encontrar. O que há lá e o que nós temos e haver este encontro”, afirmou Luís Sousa Ferreira.
O responsável defendeu ainda que o objetivo é “pensar o país como um território que é um território do teatro”.
“O Teatro D. Maria não é de Lisboa, é nacional, e é isso que queremos reforçar agora”, sublinhou Luís Sousa Ferreira.
Rui Araújo destacou “as interações, a troca de experiências e de memórias” potenciada pela parceria entre os dois equipamentos culturais e as estruturas artísticas que foram convidadas para o projeto.
“Por outro lado, nós também damos ao D. Maria a nossa experiência, o nosso conhecimento direto do território, que é um conhecimento que não se restringe a esta área do Interior Norte, é um conhecimento que, no fundo, é definidor de tudo aquilo que não é Lisboa e Porto”, afirmou.
Rui Araújo considerou que “essa experiência também vai enriquecer o Teatro Nacional D. Maria II”, permitindo “conhecer no terreno aquilo que é a realidade das comunidade e dos centros culturais que existem pelo país”.
Em Vila Real, a Associação Cultural Ondamarela apresenta hoje e sábado o espetáculo “Vida real”, com direção artística de Ana Bragança e Ricardo Baptista.
No sábado será ainda apresentado o livro “Paisagem Portuguesa”, de Duarte Belo e Álvaro Domingues, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
No dia a seguir, em Lamego, a companhia Amarelo Silvestre vai apresentar “Assembleia”, com direção artística de Fernando Giestas e assessoria de Rafaela Santos, e que se traduz “num exercício de escuta e de olhar”, que envolve cerca de 30 pessoas do concelho.
“Queremos muito criar esta relação das pessoas com o lugar, através do olhar artístico”, afirmou Luís Sousa Ferreira.
O programa de circulação nacional inclui centenas de propostas que se agrupam em cinco programas: Peças, Atos, Frutos, Cenários e Nexos, com espetáculos criados com as comunidades, formações, laboratórios, atividades nas escolas e dirigidas aos alunos e debates, bem como a exposição “Quem És Tu? – O Teatro Nacional, a Ditadura e a Democracia”, com curadoria de Tiago Bartolomeu Costa e desenvolvida em parceria com a Comissão Comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril e o Museu Nacional do Teatro e da Dança.
O trimestre a Norte termina em Guimarães com o programa “Cenários”. “Onde vamos estar a convocar todo este ecossistema a pensar o que nos trouxe até aqui, para depois em outras regiões pensarmos sobre o presente e o futuro”, sustentou Luís Sousa Ferreira.
Comentários