Vê-se, pelos caminhos cor de barro dos jardins de Serralves, quem deambule, ao jeito de Alice no País das Maravilhas, para se encontrar com burros, bétulas, teatro, tílias, dança, líquenes, liquidâmbares, oliveiras centenárias ou guitarras batidas como se fossem percussão.

Na primeira edição da Festa a ocupar todo um fim de semana, acabou por assistir-se a um Outono em Serralves com mais espaço, menos gente a ocupar os trilhos, no que para a organização do evento permite um usufruto mais fiel à ideia de "trazer o campo à cidade".

"Um dia já não chegava para tanta gente que tínhamos", disse à Lusa Marta Morais, da assessoria de Serralves, entendendo que "fazia sentido abrir dois dias para festejar o outono e permitir que as pessoas viessem num ambiente mais tranquilo".

Para a responsável pela comunicação da Festa do Outono, uma das principais componentes didáticas do evento passa por explicar a crianças "como se passa de uma ovelha para uma camisola", ou como se faz um cesto, ofícios que se esclarecem em dezenas de ateliês improvisados que tanto permitem pintar e brincar, como demonstrar a importância de insetos para o meio ambiente.

Enquanto aguardava pela guitarra de Tó Trips e as batidas de João Doce, Alexandra Cardoso dizia à Lusa que aproveita as edições anuais do Outono em Serralves para tirar os dois filhos "das novas tecnologias, ‘tablets', telemóveis, para estarem um bocadinho mais em contacto com a natureza".

"Para além de lhes mostrar os ofícios antigos que continuam a ser tão importantes", sublinhou a professora natural de Matosinhos.

Vindo de Rio Tinto com a filha de oito anos, Vítor Mendes regressa à Festa "desde que a miúda tinha quatro", sobretudo para um ritual que consiste em pintar em conjunto "um quadro no Prado, numa cartolina", que depois expõem a que passa.

"Costumamos vir cá pela área científica, para ver os animais - os mamíferos - e as plantas", disse à Lusa, rodeado pelo fumo de um assador de castanhas, louvando ainda a expansão do evento para dois dias, porque lhes permite "planear melhor se é para vir sábado ou domingo".

A oitava edição da Festa do Outono em Serralves prossegue até domingo com demonstrações práticas do "Ciclo da Lã", oficinas de cestaria, contactos com diversas raças de gado autóctone português, teatro infantil e o concerto, pelas seis da tarde, do músico cabo-verdiano Julinho da Concertina, para além de jogos, exposições e pequenas expedições pelos habitats naturais da fauna e flora de Serralves.

Fique a par da programação completa da iniciativa.