"Isto não tem a ver com justiça, não tem a ver com um crime — trata-se de dinheiro", declarou o advogado Marc Agnifilo nas suas alegações finais sobre este "empresário negro bem-sucedido, que se fez a si próprio".

Apesar de ter reconhecido que as relações de Diddy Combs, de 55 anos, com as suas acusadoras eram "complicadas", negou que estivessem marcadas pelo "clima de medo" descrito pela acusação.

O Ministério Público apresentou ao júri — que decidirá o destino do réu — uma versão menos idealizada, recordando os depoimentos de 34 testemunhas e o conteúdo de mensagens, gravações telefónicas e vídeos de sexo explícito exibidos durante mais de sete semanas de julgamento.

A procuradora Maurene Comey declarou, na passada sexta-feira, na sua réplica, que quando Diddy, durante décadas uma das figuras mais poderosas da música, cometeu os seus crimes mais evidentes, "já tinha ultrapassado tanto o limite que nem sequer o conseguia ver".

"Na sua cabeça, ele era intocável", disse aos jurados, refutando a versão da defesa. "O arguido nunca pensou que as mulheres que abusou teriam a coragem de dizer em voz alta o que ele fez."

"Isto termina neste tribunal. (...) O arguido não é um deus", concluiu.

Acusado de associação criminosa, tráfico sexual forçado e transporte com fins de prostituição, se for considerado culpado, Combs poderá passar o resto da vida na prisão.

Segundo a acusação, estes abusos foram cometidos com a ajuda de "fiéis tenentes" e "soldados rasos", que "existiam para satisfazer as suas necessidades".

No centro da acusação está a alegação de que os membros do staff mais próximos — incluindo o seu chefe de equipa e os seguranças, nenhum dos quais testemunhou — tinham conhecimento das suas ações e facilitaram-nas ativamente.

Consentimento ou coação?

Hoje, dia 30 de junho, o juiz Arun Subramanian dará instruções ao júri para que possa aplicar a lei com base nas provas apresentadas.

Quando começarem a deliberar, os 12 jurados terão de determinar se houve consentimento nas relações ou se estas ocorreram sob coação.

A defesa admite que alguns atos de Combs possam ter envolvido violência doméstica, mas argumenta que isso não configura tráfico sexual.

Agnifilo recordou que as mulheres que agora o acusam — que participaram nas orgias com trabalhadoras do sexo contratadas por Combs — eram adultas e tomavam decisões por vontade própria.

Duas das alegadas vítimas de tráfico sexual — a cantora Casandra "Cassie" Ventura e outra ex-companheira que testemunhou sob pseudónimo — mantiveram relações com o fundador da editora Bad Boy Records durante anos.

Embora pouco convencional, o sexo era consensual, defendeu o advogado.

Cassie, que esteve com Diddy durante mais de uma década, "sempre foi livre para sair. Escolheu ficar porque estava apaixonada por ele e ele por ela", afirmou Agnifilo, lembrando que a cantora recebeu 20 milhões de dólares (cerca de 18,5 milhões de euros) do rapper quando o processou no final de 2023 por violação e agressão sexual.

O advogado questionou se ela teria realmente sido coagida a manter relações sexuais com outros homens pagos por Combs, enquanto ele observava.

"Era um estilo de vida. Se quiserem chamar-lhe troca de casais. Se quiserem chamar-lhe 'ménage'... é apenas isso", concluiu.

Combs não prestou depoimento — nem era obrigado a fazê-lo. A defesa também não apresentou testemunhas, algo comum em julgamentos criminais, já que cabe à acusação provar a culpa do réu.

No entanto, os problemas legais do antigo magnata da música podem não terminar aqui: na última semana foram apresentadas três novas acusações de agressão sexual contra ele.

Uma delas foi apresentada por uma mulher que afirma que o filho do rapper, Justin, a atraiu da Louisiana até Los Angeles, onde foi retida, drogada e violada por três homens mascarados em 2017 — sendo um deles, alegadamente, Combs.

Os outros dois casos foram apresentados por homens que acusam o rapper e a sua equipa de os drogarem e agredirem sexualmente em festas em 2021 e 2023.