O próximo espetáculo chama-se "Pássaros e Cogumelos", e surge por encomenda da Artemrede, em colaboração com os municípios de Alcanena, Alcobaça, Abrantes, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, contou a pianista à agência Lusa.

Este será como um segundo capítulo de "As árvores não têm pernas para andar", o espetáculo que Joana Gama estreou em 2020, com música de João Godinho e ilustrações de Francisco Eduardo, e que tem estado a apresentar em auditórios e em escolas para públicos a partir dos três anos.

Joana Gama cumpriu esta semana a centésima sessão deste monólogo, no qual se faz acompanhar de um 'toy piano' e um cenário formado por cubos de grande dimensão, como um puzzle que vai construindo e desmontando, para falar da relação dos humanos com a natureza e, em particular, da vida de três espécies de árvores: sobreiro (Portugal), cerejeira (Japão) e embondeiro (Madagascar).

"Tem sido uma experiência maravilhosa e há uma generosidade das crianças que é muito bonita. Todos os espetáculos são diferentes e o facto de fazer cem vezes, e em contexto muitos diferentes, dá-me capacidade de reagir ao imprevisto. Sou uma pianista que conta umas histórias e interage com eles", disse Joana Gama.

Nascida em Braga, em 1983, Joana Gama tem divergido do caminho mais formal e do repertório canónico de uma pianista de formação clássica. Tem trabalhado também em parceria com autores de teatro, dança e cinema.

Entre os seus projetos mais conhecidos está o trabalho dedicado ao compositor francês Erik Satie, que resultou numa digressão, na edição discográfica e num espetáculo para os mais novos, intitulado "Eu gosto muito do senhor Satie"; e o festival sobre o artista alemão Hans Otte, a quem dedicou um programa multidisciplinar em Portugal.

Na vertente de espetáculos para crianças e jovens, a estreia de Joana Gama aconteceu em 2017, com "Noturno", uma cocriação com Victor Hugo Pontes.

Sobre "Pássaros e Cogumelos", Joana Gama explica que abordará a relação simbiótica das árvores com as aves, nos seus ramos, e com os fungos, nas suas raízes subterrâneas.

"Nestes processos [de investigação e criação] aprendo muito e fico sempre com a sensação que chego tarde demais às coisas. É bom aproveitar os projetos para ir para áreas em que me apetece investigar. O facto de criar estes espetáculos de raiz, de fazer investigação, escrever o texto e fazer a encenação fica tudo muito interligado", explicou.

"Pássaros e Cogumelos" estrear-se-á no final de maio em Abrantes, e só deverá andar em digressão em 2023. Tal como "As árvores não têm pernas para andar", também deverá ter uma edição em livro ilustrado.

Este ano, Joana Gama prosseguirá com a digressão de "As árvores nao têm pernas para andar", tendo marcadas sessões em locais como Aveiro, Barcelos, Estarreja, Ourém e Montemor-o-Novo.