A Play It Safe, uma iniciativa da promotora Gig Club em parceria com a editora Omnichord Records, foi criada com dois objetivos: “alertar as pessoas para o comportamento cívico, para ficarem em casa, os que podem, e terem os devidos cuidados, usando a música para isso”, e “sensibilizar que é uma altura complicada para os músicos, que estão sem trabalho provavelmente nos próximos meses, com muitos concertos desmarcados”, explicou à agência Lusa João Afonso, daquela promotora de concertos por subscrição.

“Hoje em dia, como se sabe, as vendas de discos estão muito em baixo ou praticamente inexistentes e os ganhos do streaming também são baixos, portanto é da música ao vivo que os artistas normalmente vivem e estão sem esse rendimento”, alertou João Afonso.

Embora os concertos online de músicos a partir das suas casas não seja uma novidade, a Play It Safe pretende fazê-lo “de uma forma a educar as pessoas para comprarem música e levá-los a comprar ou a fazerem donativos por cada uma das performances”.

“Quando convidámos as bandas a juntarem-se recolhemos todos os links que podíamos de compras de discos, [da plataforma] Bandcamp essencialmente, que vão estar constantemente a ser partilhados, antes, durante e após os concertos, e desafiar as pessoas para que comprem”, explicou João Afonso.

Além disso, a Gig Club e a Omichord irão ajudar as bandas e artistas interessados “a criar links para donativos, em que o dinheiro irá diretamente para eles”.

“Será solicitado às pessoas que usem esses links para fazerem donativos pela performance e ao mesmo tempo também comprem música dos artistas no Bandcamp ou música física [através dos sites dos artistas e bandas, por exemplo]”, referiu João Afonso.

A plataforma arranca com cerca de 30 artistas e bandas inscritos, entre os quais Best Youth, Filipe Sambado, First Breath After Coma, The Legendary Tigerman, Joana Espadinha, Lince, Luís Severo, Samuel Úria, Noiserv, Tape Junk, Whales e Surma, mas o número poderá aumentar.

“As pessoas podem candidatar-se através do site www.playitsafe.pt e estamos a fazer um ‘call’ internacional”, adiantou João Afonso.

Os concertos começam no sábado e estão a ser agendados até 19 de abril, “mas pelo andar das coisas irá durar mais tempo e será provavelmente estendido esse período”.

“Vamos aproveitar este mês de experiência e ver que outras formas podemos fazer para melhorar a experiência e a forma como os músicos podem fazer dinheiro durante esta fase”, disse.

No site já estão disponíveis horários dos concertos até 18 de março. “Mas vamos introduzir mais, estamos a fechar datas e horas e vamos atualizando todos os dias e vamos também criar os eventos no Facebook”, adiantou João Afonso.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8200 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.

Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.

O Governo também anunciou o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham de se deslocar por razões profissionais.

O Governo declarou ainda o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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