É meia noite e é hora de vestir o pijama. Podia ser um hábito antes de ir para a cama, mas neste caso foi só a maneira de PZ se apresentar no passado sábado no Musicbox, no concerto de apresentação, em Lisboa, do mais recente álbum, "Mensagens da Nave-Mãe".
Logo pelo nome do álbum, "Mensagens da Nave-Mãe", já se percebe que o concerto vai ser um vislumbre de nonsense, com letras que puxam pela veia satírica/humorística que existe em PZ, navegando ao som de um beat pop, por vezes hip-hop, por vezes eletrónico. Ou seja, é um rótulo demasiado específico para ser confinado a uma ou duas palavras.
E é nesta ironia da música que se pode dizer que PZ é um caso único. A entrada em palco, de pijama e pantufas nos pés, foi logo um preparativo apropriado para uma hora com um misto de dança, música e algumas gargalhadas. Se "Bestas" foi o pontapé de saída deste jogo, "Neura" foi o primeiro grande "bruá". A grande neura surgiu pouco depois. Depois do "Colapso em Banho-Maria", "Dinheiro" foi o mote para PZ atirar para o público várias notas impressas com a sua cara. Pena que não valessem bebidas no bar, caso contrário as filas da frente tinham a noite garantida. "Isto valerá milhões", admitiu PZ.
Apesar de ser com este último álbum que PZ começa a ser mais reconhecido, foi com "Anticorpos" (2005) e "Rude Sofisticado" (2012) que surgiu o buzz que se gera quando se diz o nome do artista portuense. Claro que estou a falar do "Croquetes". Este endeusamento aos croquetes ("de chouriço ou de batata"), com um afirmação de desdém ao bacalhau, fez o regozijo dos presentes. Quem nos dera que nos atirassem croquetes como atiraram as notas. Nesta viagem sem sentido, ou seja, "Sem ponta por onde se pegue", surgiu depois outro dos trunfos do baralho de PZ. A fixe, boa, decente "Cara de Chewbacca" surgiu em palco para dançar e mostrar que ela é tudo o que o PZ quer ter, do "pescoço para baixo".
Já na reta final, voltou-se a fazer referência ao último álbum, com um apreço do dB (que também contribuiu para o "Cara de Chewbacca"), neste caso para a música com selo de propriedade privada, "Tu és a minha gaja". Um concerto que mostrou toda a sinceridade de PZ, ou seja, só podia terminar com a música "100% natural".
Para o encore, estava guardado "Nada Mais". Portanto, e sem nada mais a acrescentar, já que estava de pijama (ele, os membros da banda e alguns corajosos a assistir) era hora de ir embora para a cama.
Comentários