O espectáculo, disse à agência Lusa, é o resultado de um trabalho de aprimoramento feito ao longo dos últimos meses no circuito da comédia em Londres, onde atua várias vezes por semana, mas num registo mais curto.

"Um ?gig' não é um espetáculo inteiro, podem ser entre 10 a 30 minutos. E é com isso que se vai fazer uma hora. Vais experimentando 10 hoje, 10 amanhã, depois já tens 20, vais aos 30, depois ligas tudo num espetáculo. Numa noite consigo fazer três, no mesmo sítio ou em sítios próximos", contou.

A rodagem permitiu não só testar material, mas também aperfeiçoar a língua inglesa, que reconheceu ter sido um grande obstáculo no início.

"O jargão não está lá, uma série de expressões específicas do país e o próprio contexto social em que eles cá estão, é importante perceber do que é que eles se riem. O humor é universal, mas os assuntos são locais, é preciso estar cá", explicou o humorista.

Uma das formas para lidar com esta desvantagem é abordá-la durante a performance, falando de Portugal e de si próprio enquanto português num país estrangeiro, cujas experiências vai partilhar em palco.

"É um espetáculo muito intimista, muito pessoal. Fala um bocado dos meus últimos 20 anos de vida, mas em registo de 'standup'. Falo de Portugal e depois vou por ali fora a falar de experiências pessoas que eu acho que podem ser importantes para as pessoas. Experiências pessoas que me fizeram ser mais forte - e mais parvo também", adiantou à Lusa.

A grande novidade deste espetáculo é ser totalmente em língua inglesa, feito que Ricardo Vilão estima que mais nenhum humorista português conseguiu ainda no Reino Unido.

"Não é fácil, são milhares de comediantes, mas o circuito é muito bom. Sempre tive em mente: começar a fazer bons clubes de comédia - felizmente isso tem acontecido - e ter a minha hora. Um comediante de 'standup' tem de ter um espetáculo feito, não pode fazer só 10-15 minutos. Para mostrar o que se vale é preciso ter uma hora", defendeu.

Veja a entrevista a Ricardo Vilão:

O espetáculo terá lugar em 23 de abril no Leicester Square Theatre, uma sala com cerca de 400 lugares no West End, o bairro onde estão concentradas os grandes teatros e cinemas em Londres.

No mesmo dia, mas em horários diferentes, atuam no mesmo local o ator Rui de Carvalho e o músico Luís Represas.

Ricardo Vilão tem no currículo uma carreira de ator em teatro, televisão e cinema em Portugal, mas nos últimos 16 anos dedicou-se sobretudo à comédia, tendo feito várias digressões pelo país, quatro das quais individuais.

Dimitri Bakanov, um humorista de ascendência ucraniana e russa, lembra-se que, quando o viu atuar num pequeno clube londrino, percebeu logo que o português já tinha experiência e tentou ajudá-lo.

De certa forma, ambos indentificam-se devido às origens étnicas, admitiu.

"Ele tem de falar disso porque mal as pessoas sobem para o palco, os alarmes começam logo a tocar quando se ouve um sotaque diferente. Eu consigo identificar-me porque se percebe a necessidade da audiência saber mais sobre de onde é o humorista, para perceber o personagem", explicou à Lusa.

Radu Isac, um humorista romeno, mostrou-se interessado no progresso de Ricardo Vilão, com quem tem partilhado o cartaz em alguns clubes.

"Empatizo com humoristas de outros países porque passamos pelo mesmo problema. Eu também recebi ajuda e existe algum apoio entre humoristas", revelou à Lusa.

Para Ricardo Vilão, depois de concretizado o sonho de entrar no circuito da comédia de Londres e estrear um espetáculo individual, as portas parecem estar a abrir-se.

Em junho vai participar num espetáculo de beneficência com outros artistas de renome e para agosto tem uma sala reservada durante o Festival de Edimburgo.

Nos planos estão fazer uma temporada num teatro em Londres, depois talvez uma digressão pelo país e, quem sabe, fazer televisão no Reino Unido.

"O céu é o limite, mas dá trabalho", diz.

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