O álbum homónimo, produzido pelo músico Diogo Clemente, é constituído por onze temas, entre inéditos e fados dos repertórios de Amália Rodrigues, Beatriz da Conceição, Fernanda Maria e Lucília do Carmo, algumas das muitas referências da fadista, e é apresentado no Flat, em Lisboa, na quinta-feira, às 18:30.
“Soube esperar e achei que agora era a altura certa, porque tenho outra maturidade, como pessoa e como fadista”, acrescentando, que “quem quer fazer vida do fado, tem de se conhecer primeiro, trabalhar com pessoas que chegaram antes nós e aprender”.
“Se não tivesse feito esse percurso e trabalhado, com algumas pessoas como Celeste Rodrigues, Cidália Moreira, Maria da Nazaré, hoje não seria a mesma pessoa, nem cantaria como o faço”, disse, realçando que é “importante saber ouvir" e deixar-se "entregar pelo fado”.
O álbum, que levou cerca de três anos a preparar, abre com “Fado Português" (José Régio/Alain Oulman), e inclui inéditos como “Quando o fado passa” (Cátia Oliveira/Valter Rolo), “Sou a Casa” (Diogo Clemente/Joaquim Campos) ou “O Meu Bom Ar”, também de Clemente, que gravou na melodia tradicional do Fado Margaridas, de Miguel Ramos.
“Procurei um equilíbrio entre a tradição e a inovação, mas sou uma fadista de fados tradicionais, que é o que me está no sangue”, disse.
Sara Correia considera essencial “saber de onde vem, e quem trouxe o fado até nós”, pois defende que “é conhecendo as raízes do fado e o seu desenvolvimento que se pode inovar”.
Oriunda de uma família em que o fado fazia parte do quotidiano, sobrinha da fadista Joana Correia, Sara Correia ganhou, em 2007, aos 13 anos, a Grande Noite do Fado de Lisboa, o que foi para si “uma porta aberta para algo que queria”.
“Não foi fácil, mas valeu todo caminho que fiz até aqui, sabendo que há muito caminho a percorrer”, um processo em que foi fundamental o músico Diogo Clemente, amigo desde a infância e que lhe deu a possibilidade de gravar este álbum, no seu estúdio.
Diogo Clemente, viola de fado, tem trabalhado, como músico e produtor discográfico, com os mais diversos intérpretes, como Raquel Tavares ou Mariza, e fez parte das produções teatrais sobre fado de Ricardo Pais.
Do repertório de Beatriz da Conceição, Sara Correia gravou “Veio a saudade”, de Lucília do Carmo, “Zé Maria”, de Maria Armanda, “Lisboa e o Tejo”, e de Fernanda Maria, “Se o Mundo dá Tantas Voltas”.
Para Sara Correia “é um desafio, e uma grande responsabilidade interpretar fados de grandes nomes”, e acrescentou: “Não venho fazer nada que não tenha sido feito, não venho criar nada, simplesmente demonstrar o meu respeito pelo fado”.
Referindo-se ao alinhamento do CD, com a chancela da Universal Music, a fadista disse: “É muito importante cantar uma letra com a qual me possa identificar, com algumas partes da minha, pois sendo ainda jovem, já passei por algumas coisas”.
Do CD fazem parte também letras de Diogo Clemente escritas para a sua voz. Entre os temas inéditos, contam-se ainda “Corrido dos Botões”, de Clemente, que gravou no Fado Corrido, “Agora o Tempo”, letra e música também de Clemente, e “Hoje”.
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