Segundo Ana Pinho, o objetivo é imprimir “dinamismo” e atrair mais público, aproveitando a coleção de 85 obras de Miró (1893-1983), para organizar mostras integradas com coleções de outras instituições.

A presidente de Serralves falou à Lusa à margem da inauguração da exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”, na sexta-feira, no Palácio Zabarella, onde está sediada a Fondazione Bano, que vai acolher as obras, propriedade do Estado português, até 22 de junho, na primeira exposição no estrangeiro, depois da Casa de Serralves, no Porto, e do Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.

Organizada por Serralves, a mostra é coordenada por Marta Almeida, diretora-adjunta do museu, e comissariada pelo especialista mundial na obra de Miró, o norte-americano Robert Lubar Messeri, tendo sido vista por 240.048 pessoas, no Porto, e 49.265, em Lisboa.

Em Pádua, foi possível expor todas as 85 obras da coleção, como já tinha acontecido no Palácio Nacional da Ajuda, onde foram ocupados 700 metros quadrados, mas a Casa de Serralves, com menos área disponível, recebeu menos obras.

A presidente da fundação explicou à Lusa que Serralves precisa “de algumas adaptações" que permitam aumentar a acessibilidade do espaço, como um elevador, e que o arquiteto Álvaro Siza Vieira “está a trabalhar num projeto para isso; [é algo] que está a ser analisado”.

Ainda assim, de acordo com a diretora adjunta, Marta Almeida, o objetivo de uma “intervenção, que será sempre cuidada”, é o de “tornar a Casa [de Serralves] mais acessível a ser visitada, uma vez que tem muitas especificidades”, para que “possibilite a toda a gente a visita à exposição que estiver patente”.

Para Ana Pinho, o objetivo é imprimir “dinamismo” a partir da Coleção Joan Miró e, com isso, conseguir “atrair cada vez mais portugueses e estrangeiros para a ver”, mantendo “um núcleo em constante exposição, que terá de ir rodando, por razões de conservação ou empréstimos”.

Outra das estratégias é “tentar organizar exposições com outras instituições que tenham importantes 'coleções Miró', que poderão ser mostradas em Portugal e no estrangeiro”. “É esse o nosso objetivo maior”, afirmou.

A diretora adjunta do Museu de Serralves acrescentou, por seu lado, que a criação de diferentes exposições, a partir deste conjunto de 85 obras, cria uma experiência “enriquecedora”, porque, “ao abarcar seis décadas, a coleção possibilita a construção de outras curadorias e outros conceitos em torno das peças”, em conjugação com outras.

O comissário da exposição revelou à Lusa já existirem “conversas preliminares com outras instituições”, com vista à possibilidade de “juntar os variados recursos” para criar exposições em conjunto, e fomentar o diálogo e a multiplicidade de leituras, mesmo tendo em conta as dificuldades, "hoje em dia", "com os seguros, o transporte, as dificuldades na economia, e a conservação".

"Agora, há uma oportunidade para começar a preparar as bases para um programa museológico, não só colocar os trabalhos nas paredes”, acrescentou Lubar Messeri.

Segundo o especialista mundial na obra de Joan Miró, uma coleção de arte pressupõe “uma responsabilidade de a trabalhar e de fazer coisas interessantes, e isso requer esforço, comprometimento e, claro, orçamento”.

Em 2016, a Câmara Municipal do Porto anunciou que aquela coleção de arte iria permanecer na cidade, na Casa de Serralves.

Um acordo entre as duas partes “ainda não está formalmente assinado”, mas a indicação é de que vai surgir, desejando Ana Pinho que sucedesse “o mais rapidamente possível”.

“Podemos fazer desta coleção um sucesso ainda maior do que já tem tido. Para isso, é bom que as coisas estejam oficializadas e definidas”, rematou.

A coleção de Joan Miró ficou na posse do Estado Português, após a nacionalização do BPN em 2008.

Em março do ano passado, o Governo anunciou que tinha chegado a acordo com a leiloeira Christie's para revogar o contrato de venda em leilão da coleção Joan Miró, cujo valor a obter deveria servir para abater parte dos créditos do Estado português, no banco.

Entre as obras há seis pinturas da conhecida série sobre masonite de 1936, seis tapeçarias de 1972 e 1973, uma das telas queimadas, de uma série de cinco, criada para a grande retrospetiva de Miró no Grand Palais de Paris, em 1974, obras como "La Fornarina (d'apré Raphaël)", de 1929, "Femme dans la nuit", de 1944, ou "Après les constellations", duas pinturas feitas em 1976, também sobre masonite.

Destacam-se igualmente quadros como "Mulher e Pássaro", óleo sobre tela de 1959, e "Mulheres e Pássaros", óleo de 1968, "L'Oiseau blessé", de 1970, "Cabeça", óleo e colagem sobre tela, de 1973, "Personnage, étoile, mer", de 1978, além de outros óleos, 'guaches', desenhos, colagens e decalques, sobre diferentes superfícies, que se estendem ao longo de quase todo o percurso criativo do artista, dos anos de 1920 à década de 1980.

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