A plataforma cultural Underdogs, a convite da organização, decidiu levar ao Parque das Nações, onde até sábado decorre o festival, “duas vertentes do projeto: a parte das edições (de artistas que vão trabalhando com a plataforma) e a parte de serviço educativo com ‘workshops’”, para os quais foram convidados Halfstudio, Kruella D’Enfer, Gonçalo MAR, contou à Lusa Hakeem Osman.

Segundo este elemento da plataforma que tem como responsáveis a francesa Pauline Foessel e o português Alexandre Farto, que assina como Vhils, “faz todo o sentido a Underdogs marcar presença no SBSR”.

“Desde o início tentamos trazer estas linguagens de expressão urbana para o dia-a-dia das pessoas e fazer com que a arte não seja uma coisa fechada e um bicho-de-sete-cabeças. Chegar às massas é bom, bem como mostrar às pessoas que isto é uma coisa simples e pode ser de todos e para todos. Isto é uma plataforma ótima para isso”, referiu Hakeem Osman.

Para Bruno Oliveira esta foi a primeira vez que tomou contacto com latas de tinta em ‘spray’, dantes “só com tintas na escola e na brincadeira”.

“Está a ser bastante interessante a experiência, às vezes parece muito fácil pegar num lata de spray e mandar uns ‘sarrabiscos’, mas quando damos por ela, os escorridos, a cor ficar homogénea, não é assim tão fácil como parece”, contou à Lusa a meio do ‘workshop’ com Kruella D’Enfer.

Já Beatriz Barata, outra participante no ‘workshop’ de hoje, achou “mais fácil do que pensava. “Achava que era preciso muita força, mas afinal não”, disse à Lusa.

Bruno Oliveira sustenta a ideia da Underdogs: “às vezes as pessoas não conseguem reconhecer arte num trabalho destes e a experiência também ajuda a vermos que não é propriamente fácil de se fazer e não é só fazer uns sarrabiscos como muita gente diz”.

Bruno soube das oficinas através da página do SBSR na rede social Facebook, já Beatriz só soube que havia quando entrou na Meo Arena e acabou por conseguir participar.

As oficinas decorrem todos os dias entre as 16:00 e as 19:00, o tempo é curto, mas os artistas garantem que quem participa sai dali a saber mais do que quando chegou.

“São só três horas, mas acho que dá para as pessoas entenderem o processo e o nível de trabalho que é preciso ter para uma obra ficar completa e bem feita. Durante três horas tento ao máximo explicar às pessoas como é que funciona uma lata, para quem nunca pegou numa, e tento fazer nestas telas uma obra simples”, referiu Kruella D’Enfer.

A Underdogs está ainda presente no recinto com uma ‘pop-up store’, loja temporária, onde é possível ver-se e comprar-se edições limitadas criadas por artistas nacionais e estrangeiros com que a plataforma tem trabalhado, como Wasted Rita, Sainer, Vhils ou Miguel Januário com o projeto ‘maismenos’.

A arte urbana é um complemento, mas o principal no SBSR é a música. Do cartaz, Bruno Oliveira destaca Disclosure, tal como Beatriz, que destaca ainda Jamie XX, Iggy Pop e Kendrick Lamar.

Kruella D’Enfer quer “muito” ver hoje Jamie XX e “tudo no sábado”, o dia “mais perfeito”.

A plataforma Underdogs é um projeto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, no n.º 56 da rua Fernando Palha, ao Braço de Prata, em Lisboa, um antigo armazém recuperado e transformado em galeria.

A plataforma tem também uma loja, no Cais do Sodré, e começou no ano passado a organizar visitas guiadas de Arte Urbana em Lisboa.