"Fiquei muito triste ao saber que Agustina morreu aos 96 anos. Foi um verdadeiro privilégio cotraduzir recentemente, com o meu colega Victor Meadowcroft, alguns dos seus contos, talvez menos conhecidos do que os seus romances, mas que são escritos maravilhosamente de forma surreal e vívida", disse à agência Lusa.

A obra, "intitulada 'Take Six: Six Portuguese Women Writers'", editada pela Dedalus Books no ano passado, inclui textos de seis escritoras portuguesas: Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, Maria Judite de Carvalho, Hélia Correia, Teolinda Gersão e Lídia Jorge.

De Agustina, incluiu cinco textos da coletânea "Contos Impopulares", publicada inicialmente em 1984: "On the Road to Emmaus" ("No caminho de Emaús"), "The Conch Shell" ("Búzio"), "Green Philosophy" ("Espaço para sonhar"), "The Procession" ("O Cortejo") e "Mushroom Weather" ("Míscaros").

"Tenho certeza de que seu trabalho continuará a ser lido por gerações futuras", afirmou hoje à lusa a tradutora, premiada por traduções de livros de Fernando Pessoa, Teolinda Gersão, José Saramago e Eça de Queirós.

A escritora Agustina Bessa-Luís morreu hoje, aos 96 anos, disse à Lusa fonte da família.

PORTUGAL - AGUSTINA BESSA LUIS

Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.

O nome de Agustina Bessa-Luís saltou para a ribalta literária em 1954, com a publicação do romance "A Sibila", que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.

Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra "Os Meninos de Ouro", e em 2001, com "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Agustina recebeu ainda os Prémios Camões e Vergílio Ferreira, ambos em 2004, foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, agraciada com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989.

O funeral da escritora realiza-se na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, de onde partirá para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada, em cerimónia privada.

O Governo português decretou um dia de luto nacional, na terça-feira, pela morte da escritora.