
O festival, cuja programação foi apresentada na sexta-feira, decorrerá durante quatro dias e inclui, ao todo, 18 filmes em três secções, além de debates, instalações artísticas, uma oficina e caminhadas urbanas, mantendo a toada de promover “um diálogo multidisciplinar entre o cinema, a arquitetura e as práticas espaciais”, como se pode ler no texto de apresentação.
Atualmente organizado pelo Instituto, um centro cultural no Porto, o evento debruça-se desta feita sobre “como as fronteiras (físicas e simbólicas) moldam o ambiente construído, influenciam o quotidiano, e as dinâmicas coletivas”.
“Que contributos podem a arquitetura e o pensamento urbano oferecer para compreender este mundo em constante transformação?”, questiona a organização.
A maior parte dos filmes serão apresentados no Batalha - Centro de Cinema, com sessões também na Casa Comum da Universidade do Porto, estas últimas dedicadas ao Aleixo e de entrada gratuita.
A sessão de abertura, no Batalha pelas 19h15 de 25 de junho, apresenta “Mother City”, filme sul-africano de 2024 em que Miki Redelinghuys e Pearlie Joubert exploram a relação da Cidade do Cabo com o apartheid e a luta pela habitação digna e acessível.
No programa oficial, com 14 filmes ao todo, dominam as fronteiras e as pessoas que se mexem por elas, com “The Strong Man of Bureng”, obra de 2023 do italiano Mauro Bucci, uma exploração sobre cercas de jardim por Yana Osman, nascida na Ucrânia, criada na Rússia e com ascendência afegã, em “Twin Fences”.
Quanto à criação nacional, há a curta-metragem “Maio”, de Claudio Carbone, que acompanha uma das últimas moradoras no bairro auto-construído 6 de maio, na Amadora, e “Outra Ilha”, um “mosaico” de uma comunidade oriunda de Cabo Verde a viver em Sines, no Bairro Amílcar Cabral, realizado por Eduardo Saraiva Pereira.
Já a arc en rêve centre d’architecture, de Bordéus, é a instituição convidada para esta edição, trazendo duas instalações vídeo, apresentadas no Instituto, e um debate em torno do seu trabalho.
No “Especial Portugal”, secção dedicada à produção nacional, é protagonista o Bairro do Aleixo, no Porto, com vários filmes que documentam a relação com as cinco torres, entretanto demolidas, e os que lá habitavam.
Numa altura em que o Instituto também colaborou na exposição “Aleixo: 5 Torres, 5 Décadas”, da associação de moradores e patente até final do ano, cruza de novo a programação com a estreia de uma primeira versão de um documentário ali rodado sobre o futuro, e o passado, daquela comunidade, intitulado “Memória Futura”.
Nesta secção, nota ainda para “Russa”, de João Salaviza e Ricardo Alves Jr., de 2018, ainda antes das últimas demolições, e “Bicicleta” (2013), de Luís Vieira Campos, também um retrato dessa “cidade vertical” em que se transformava a urbanização.
No dia 28, pelas 10h15, está previsto um passeio pela zona onde antes estava instalado este bairro, emblemático da cidade.
Criado em 2013, o Arquiteturas Film Festival, primeiro festival internacional em Portugal a exibir documentários, filmes experimentais, de ficção, e de animação sobre arquitetura, decorreu inicialmente em Lisboa, e em 2022 passou para o Porto, onde tem decorrido sob a alçada de Paulo Moreira.
A primeira edição do Arquiteturas Film Festival, fundado por Sofia Mourato, decorreu em Lisboa, concebido pela Do You Mean Architecture (DYMA), e exibiu 110 filmes de todo o mundo, abordando temas como o urbanismo, ecologia, sociedade, ‘design’, história, utopia e tecnologia, entre outros.
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