Em entrevista à agência Lusa, Janita Salomé, afirmou que estes caminhos sonoros são apresentados por si próprio quando compõe, e desenvolvidos pelos músicos, que com ele trabalham há vários anos, designadamente Filipe e Mário Raposo, responsáveis pela direção musical, entre outros.

“À partida, logo quando componho, apresento uma proposta harmónica e rítmica, e os músicos trabalham sobre isso, criam e recriam sobre essa proposta que leva logo essa marca mediterrânica”, explicou o músico.

“Na música, como em tudo na vida, devemos procurar ser criativos, e daí procurar fazer qualquer coisa de novo e diferente, que nunca tenha feito”, acrescentou.

O álbum é constituído pelo “equilibrado número” de 12 temas, três deles recriados: “Não é Fácil o Amor”, “A Al’Mutamid” e “Era um Redondo Vocábulo”.

O músico defendeu "o sortilégio que a poesia traz à música, que é indiciar a melodia”.

“Eu vou sempre atrás da palavra, é a palavra [dos poetas] que me abre os caminhos para encontrar a melodia, que nunca sei qual é, e lá está outro mistério da música, que é nunca sabemos bem o que surge”, afirmou Janita que revelou que o seu método de trabalhar começa pela poesia e só depois passa à composição.

Neste disco, que é editado na sexta-feira, há uma exceção, “Carta à Senhora D.ª Europa”, que “foi feita separadamente”, pois a letra é de Janita Salomé e a música de Filipe Raposo, e, “a dado passo, foi tentar fazer o encontro de duas coisas que tinham sido criadas em separado”.

Referindo-se ao álbum, o músico afirmou que é “uma homenagem assumida aos poetas”, que sempre “tiveram toda a importância” no seu trajeto artístico.

Do alinhamento fazem parte poetas como José Jorge Letria (“Sophia” e “Bocage” - dois poetas que “tocam fundo” a Janita), José Afonso, que conheceu e com quem conviveu (“Era um Redondo Vocábulo”), Luís Vaz de Camões (“Aquela Triste e leda Madrugada”), Jaime Rocha (“A Música Inventa o Lume") e Ibn Amar (“A Al’Mutamid”).

Entre os poemas escolhidos, Janita Salomé referiu o de autoria de Carlos Mota de Oliveira, que já gravou noutros álbuns, intitulado “De Algum Amigo”, que aborda a memória, poema que o “fez mudar a agulha” do que se tornou o álbum, pela “sua profundidade”.

Este disco levou “cerca de um ano [a conceber], pois a música não sai assim dos dedos, vem de algo de dentro de nós, que desconhecemos e não sabemos de onde, e para o qual é preciso tempo e paciência”.

O músico referiu que o seu modo de estar na música torna-lhe “as coisas difíceis, porque os tempos não estão para grandes reflexões ou aprofundamentos”. Todavia, resoluto, afirmou: “Estou disposto a pagar o preço por isso”.

O disco “Valsa dos Poetas” é constituído por doze canções, nove delas compostas por Janita Salomé, duas por Filipe Raposo e uma de José Afonso (“Era um redondo vocábulo”).

Conta com a participação das cantoras Catarina Molder, em “Aos Meus Poetas”, e Luanda Cozetti, com quem Janita partilhou o palco várias vezes, em “A Música inventa o Lume”.

Este álbum sucede ao álbum “Em Nome da Rosa” (2014), que valeu ao músico o Prémio Maestro Pedro Osório/2015, da Sociedade Portuguesa de Autores.

Este é o 15.º álbum da discografia de Janita Salomé, que se estreou, discograficamente, em 1978, com “O Cante da Terra” (1978), do grupo de Cantadores de Redondo, do qual fazia parte.

Janita Salomé é o nome artístico de João Eduardo Salomé Vieira, que completa 71 anos em maio próximo. Natural da vila alto-alentejana de Redondo, iniciou-se na música no grupo de cante Cantadores de Redondo.

Colaborou com vários músicos, como José Afonso, Sérgio Godinho, Tito Paris, Filipa Pais e os grupos corais e etnográficos As Camponesas de Castro Verde, da Casa do Povo de Serpa, Os Camponeses de Pias e os Cantadores de Redondo, com os quais, entre outros, gravou os álbuns “Vozes do Sul” (2000) e “Moda Impura” (2012).

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