"Do ponto de vista lírico e de mensagem, é o meu disco punk-rock que nunca tinha feito sozinho, não é tão vago como o anterior, tem uma mensagem de consciência social mais visível, tem uma eletrónica etérea e é mais coerente do princípio ao fim", resumiu.
Bruno Cardoso, 38 anos, está ligado à música há vários anos, como DJ, músico, produtor, editor. Fez parte dos Vicious 5, é um dos fundadores da Discotexas, já assinou remisturas de temas de outros artistas, editou vários EP e há três anos o álbum "1975".
Afirmando-se um idealista na construção de um álbum, a pensar que vai ser ouvido do princípio ao fim, Xinobi criou uma sequência entre os oito temas e convidou vários músicos a interpretá-los, incluindo, logo a abrir, uma referência de vida.
"On the quiet" começa com "Skateboarding", de quase sete minutos, com deambulações melódicas que enquadram um excerto de um discurso feito em 2013 pelo músico norte-americano Ian Mackaye, na Biblioteca do Congresso norte-americano.
Xinobi escolheu um excerto no qual o fundador dos Fugazi e dos Minor Threat fala sobre andar de skate e sobre a forma como se interpreta o mundo dessa perspetiva.
"Quando era miúdo andava de skate, mas magoei-me e fiquei apaixonado e não praticante. Quando ouvi esse excerto percebi que aquilo é o que eu também penso. Nunca intelectualizei quando era puto, mas agora pensaria assim, na forma como se pode interpretar o que está à nossa volta", explicou.
O músico português diz que Ian Mackaye - que autorizou a inclusão do excerto no álbum - é uma figura inspiradora para ele. "Apresentou-me o universo punk-rock sem que precisasse da rebeldia toda e dos excessos da droga e do álcool e de ter uma vida destrutiva".
Além de Ian Mackaye, o novo álbum conta com as participações das cantoras portuguesas Margarida Falcão e do músico sul-africano Lazarusman. Bruno Cardoso recorreu ainda à "timidez vocal totalmente transparente" dele num dos temas.
Desse passado punk-rock, o músico pratica o "do it yourself" em tudo o que faz: "A minha vida está moldada de forma a que tudo seja feito aprendendo a desenrrascar-me. E não tenho controlo extremo sobre o que faço e o que sou".
Mas alerta: "A escola do punk é muito boa, mas não é uma ciência exata. Bate-se muitas vezes com a cabeça na parede até se conseguir alguma coisa", disse entre risos.
"On the quiet" é o resultado de uma vida "super confortável de estúdio", mas para Bruno Cardoso não há como experimentar a adrenalina e a intensidade de uma digressão.
Para os próximos meses estão previstas várias atuações, em formato DJ set e concerto com banda. Além de datas em Portugal, o músico quer fazer uma digressão na Ásia e no México.
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