Jerry Seinfeld continua a causar sensação nas entrevistas que está a dar nos EUA para promover "A Batalha das Pop-Tarts" (“Unfrosted” no original), o seu primeiro filme como realizador, que chega à Netflix a 3 de maio.
Há uma semana, o humorista fez declarações que se tornaram virais sobre o que descreveu como a desorientação que está a dominar Hollywood, com as pessoas que nela trabalham a não terem percebido que a indústria acabou porque os filmes deixaram de ocupar o topo da hierarquia social e cultural.
Mas o responsável por uma das séries mais icónicas da TV tem uma opinião também pessimista sobre o estado da comédia no pequeno ecrã, dizendo que está à beira da extinção por causa da "extrema-esquerda" e do "lixo do politicamente correto".
“Nada realmente afeta a comédia. As pessoas precisam sempre dela. Precisam tanto disso e não a têm", disse numa entrevista ao The New Yorker.
Refletindo sobre o que acontecia noutras décadas, acrescentou: "Antigamente, chegava-se a casa ao fim do dia e a maioria das pessoas dizia ‘Ah, está a dar o 'Cheers - Aquele Bar'. 'Ah, está a dar o 'MASH'. 'Ah, está a dar o 'Mary Tyler Moore'. 'Está a dar 'Uma Família às Direitas'. Esperava-se apenas 'Vai haver algo divertido para vermos esta noite na televisão'. Pois é, sabem que mais — onde é que isso está agora?".
E deu o veredito: "Este é o resultado da extrema-esquerda e do lixo do politicamente correto, e das pessoas a terem tanto medo de ofender as outras".
Seinfeld notou que as pessoas já não ligam a TV para rir e "agora vão ver os humoristas de 'stand-up' porque não somos policiados por ninguém".
"É o público que o faz. Sabemos instantaneamente quando descarrilamos e ajustamo-nos imediatamente. Mas quando se escreve um argumento e ele passa por quatro ou cinco mãos diferentes, comités, grupos – ‘Aqui está a nossa opinião sobre essa piada’ –, bem, isso é o fim da comédia", descreveu.
Dando como exemplo um episódio específico de “Seinfeld”, o comediante notou que teria de escrever uma piada diferente se fosse hoje, mas isso faz parte das mudanças culturais dos tempos.
"Os limites na cultura estão a mover-se. O nosso trabalho é sermos suficientemente ágeis e inteligentes para que, onde quer que os coloquem, vamos lá chegar", esclareceu.
São os humoristas de 'stand-up' que "realmente têm a liberdade" para pisar o risco, garantiu.
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