João Ricardo morreu esta quinta-feira aos 53 anos no hospital de Santa Maria, em Lisboa, confirmou a agência do ator.

João Ricardo estava internado desde esta quarta-feira, 22 de novembro, e sofria de um tumor cerebral.

No dia 7 de outubro de 2016 foi operado de urgência a um tumor no cérebro, depois de se ter sentido mal durante as gravações da novela “Rainha das Flores”.

Após a remoção do tumor e algumas sessões de radioterapia, o ator regressou à televisão e às filmagens integrando o elenco da novela “Espelho d’Água”, atualmente a ser transmitida pela SIC.

Foi também neste período que João Ricardo se dedicou a cumprir um sonho antigo – o de atravessar a nado o estreito de Gibraltar -, e começou a treinar duas vezes por dia, em piscina, com vista a preparar-se para fazer a travessia em dezembro de 2018.

No entanto, em maio deste ano, voltou a sentir-se mal e teve de abandonar tudo, incluindo a participação na novela, devido a uma reincidência do cancro que o obrigou a retomar tratamentos, de radio e quimioterapia.

No dia 26 de outubro, a agência do ator, a Layjan, fez um comunicado confirmando o reaparecimento do tumor.

"Para evitar todas as deturpações e especulações sobre o estado de saúde do actor João Ricardo informo que o tumor reapareceu e que o actor está em fase de tratamentos. Por ser uma doença complicada quero pedir a todos que respeitem esta fase menos boa da sua vida", frisaram os representantes do ator de 53 anos em comunicado.

Em entrevista a Daniel Oliveira no programa da SIC "Alta Definição", emitido no final 2016, o ator disse que a vida “tinha sido generosa” com ele e que “toda a gente temeu” que morresse. “Percebi que as pessoas gostam de mim”, acrescentou na altura.

Daniel Oliveira foi dos primeiros a deixar a sua homenagem na sua página de Facebook:

Uma carreira na televisão, no teatro e no cinema

Conhecido pelo seu trabalho na televisão, no teatro e no cinema, João Ricardo nasceu em 27 de maio de 1964, em Lisboa. Divorciado e pai de um único filho, dizia ser este a sua grande paixão e a razão por que nunca teria outros filhos.

Em diversas entrevistas, o ator confessou que teve uma vida difícil, tendo fugido de casa do pai numa noite em que este não o deixou entrar, porque não cumpriu a hora estipulada para voltar.

Assim, aos 16 anos, João Ricardo viu-se a viver e a dormir na rua, e durante seis meses sustentou-se a fazer mímica na rua Augusta.

João Ricardo fez parte do elenco de várias produções nacionais, tendo-se estreado em televisão em 1998 em "Caixa Alta" (RTP1) , série de Tozé Martinho e Manuel Arouca. No canal público, participou ainda em "Mistérios de Lisboa" (1995), "Nós os Ricos" (1996) ou "Voo Directo" (2010).

Ainda na estação pública, o ator participou como ator convidado em “O quadro roubado” e “Nós os ricos”, com destaque de elenco principal em “Lelé e Zequinha” e “Cruzamentos”, aqui já com 35 anos, dez anos depois de ter iniciado atividade.

Em 2003, o ator estreou-se na TVI na novela "Coração Malandro". "Mundo Meu" (2005), "Tempo de Viver" (2006) e "Equador" (2008) foram outros dos trabalhos de João Ricardo no canal de Queluz de Baixo.

Continuou a participar em diversas séries nos três canais de televisão até 2010, ano em que assinou um contrato de exclusividade com a SIC e protagonizou uma das telenovelas com mais sucesso da estação, “Laços de Sangue”, onde interpretou Armando Coutinho, a sua personagem mais famosa.

Este ano, gravou este ano a novela "Espelho d'Água". "Podia Acabar o Mundo" (2008), "Sol de Inverno" (2014), "Mar Salgado" (2014) e "Rainha das Flores" (2016-2017) foram algumas das outras produções da estação de Carnaxide em que João Ricardo participou.

No teatro, João Ricardo teve uma colaboração regular com o Teatroesfera e com o Teatro Nacional D. Maria II, onde encenou “Sonho de uma noite de verão” (2004) e “A ilha encantada” (2005), de William Shakespeare. Foi também diretor artístico do Teatro de Carnide.

A sua carreira teatral conta ainda com a encenação, em 2002, do monólogo “A voz humana”, com Florbela Oliveira, e a participação em peças como “Ricardo II” e “Hamlet”, ambas em 2007.

Fez também teatro radiofónico, nomeadamente na série Teatro Sem Fios, da Antena 2, onde protagonizou "Três Parábolas da Possessão", de Francisco Luís Parreira.

Além da representação e encenação, João Ricardo teve outras paixões como a natação, a escrita e a culinária.

Tendo assumido em entrevistas que gostava de cozinhar e que tirara um curso de cozinha, confessou que tinha o sonho de abrir um restaurante.

O gosto pela escrita concretizou-o com um livro infantil, publicado em 2013 pela Dinalivro, com ilustrações de Ana Sofia Gonçalves, intitulado “Queres namorar comigo?”, que conta a história de um caracol que se apaixona por uma girafa.

No cinema fez parte dos elencos dos filmes “A passagem da noite” (2003), de Luís Filipe Rocha, “A costa dos murmúrios” (2004), de Margarida Cardoso, “Os meus espelhos” (2005), de Rui Simões, e ainda “Corrupção” (2007), “A corte do Norte” (2008) e “Filme do Desassossego” (2010), todos de João Botelho.

A Academia Portuguesa de Cinema prestou a sua homenagem ao ator, dizendo que "deixa um notável percurso no Cinema Português em obras de cineastas tão diversos como João Botelho, Margarida Cardoso, Luís Filipe Rocha, Rui Simões ou Alexandre Valente".

O velório do ator deverá realizar-se esta sexta-feira.

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