Um jovem peruano de 23 anos suicidou-se e deixou uma série de faixas em áudio gravadas como "bilhete de suicídio", conta o jornal El Sol de Mexico. Tal como acontece na série "Por Treze Razões", as gravações destinam-se aos "responsáveis" pelo seu suicídio.
De acordo com a imprensa local, Franco Medrano, jovem engenheiro industrial, não conseguiu aceitar o fim de um relacionamento, acabando por se suicidar. Durante a investigação, as autoridades encontraram uma carta com uma série de instruções sobre a forma como as gravações deveriam ser partilhadas.
"Por Treze Razões", série com produção executiva de Selena Gomez, estreou na Netflix no final do mês de março e tornou-se um fenómeno de popularidade nas redes sociais. A produção original da Netflix inspirada nos livros de Jay Asher é até ao momento a série mais comentada no Twitter em 2017.
A série original da Netflix, acompanha a história do adolescente Clay Jensen, personagem interpretada por Dylan Minnette, que ao regressar a casa depois das aulas encontra à sua porta uma misteriosa caixa com o seu nome. Dentro da caixa estão diversas cassetes gravadas por Hannah Baker (personagem de Katherine Langford) – uma colega de escola por quem se sentia atraído – que se suicidou duas semanas antes. Nos testemunhos que gravou, Hannah explica as treze razões pelas quais decidiu acabar com a vida.
A popularidade da série tem levantado algumas questões devido aos temas abordados na história. Relacionamentos falhados, bullying, violações, depressão e suicídio são alguns dos assuntos que marcam a série do serviço de streaming.
De acordo com o Huffington Post da Austrália , a organização de saúde mental Headspace partilhou um comunicado onde frisa que "Por Treze Razões" é uma série com "conteúdo perigoso", acrescentando que desde a sua estreia o número de chamadas e e-mails com pedidos de ajuda aumentaram consideravelmente.
Kristen Douglas, responsável geral da organização australiana, explicou que tem recebido "um número crescente de chamadas e e-mails relacionados com a série", incluindo vários pedidos de ajuda de escolas e pais que acompanham a série do serviço de streaming.
Na nota partilhada pela associação, a responsável alega que o "conteúdo arriscado" pode levar a uma "reação angustiante" por parte dos espectadores, explicando que é fundamental que o suicídio não seja retratado como outros tipos de morte ou "simplificado".
"Não é como acidentes de carro ou o cancro. Relatos irresponsáveis sobre o suicídio podem levar a mais mortes. Pesquisas nacionais e internacionais indicam claramente o impacto é muito real", advogou Kristen Douglas.
No Brasil, segundo os dados revelados pelo Centro de Valorização da Vida ao Huffington Post Brasil, no dia de estreia de "Por Treze Razões", os pedidos de ajuda ou de conversa também aumentaram em 100%, com 25 mensagens relativas à série do serviço de streaming.
Segundo a revista NME, várias escolhas norte-americanas enviaram cartas aos encarregados de educação como forma de alerta. "Embora seja ficção, a série é extremamente explícita, incluindo várias cenas de violação, levantando preocupações significativas sobre a segurança emocional", frisa o aviso enviado por 11 escolas públicas de Nova Jérsia.
Andrew Evangelista, coordenador da Montclair Public Schools District’s, explicou à ABC News que decidiu escrever a carta de advertência depois de ver "Por Treze Razões". "Simplesmente não parecia correto", disse, acrescentando que ficaram várias perguntas por responder. "Tinha uma série de dúvidas sobre a forma como a rapariga é retratada e sobre a falta de recursos de apoio à saúde mental", defendeu.
Através da sua conta no Twitter, Shannon Purser, que veste a pele de Barb em "Stranger Things", também mostrou a sua preocupação em relação à forma como os temas são abordados na série. Na rede social, a atriz fez algumas revelações sobre a sua luta contra uma depressão, explicando que "Por Treze Razões" pode ajudar alguns dos jovens, mas que é fundamental "ter cuidado" e prestar atenção aos avisos.
Outra das críticas apontadas à série prende-se com o facto de não apresentar uma saída, uma alternativa ao suicídio.
Comentários