De acordo com o dossier “A Diversidade Sociocultural dos Media”, publicado hoje pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), no período em causa, os telejornais dos canais privados foram os que atribuíram maior tempo a peças com estas referências.
Por canal, a TVI divulgou 62 peças, num total de quase três horas, enquanto a SIC dedicou três horas e meia a 49 peças com presenças ou referências a imigrantes, refugiados ou exilados em contexto nacional.
Em terceiro lugar ficou a RTP1 com 49 peças em pouco mais de duas horas, seguida pela RTP2, que emitiu 12 peças num total de 41 minutos.
“Considerando apenas o conjunto das peças noticiosas em que se regista a presença ou referência a cidadãos estrangeiros em Portugal, constata-se que a imigração é claramente mais referida que a presença ou referência a refugiados/asilados no país, o que se verifica apenas numa em cada dez peças”, lê-se no documento.
Por sua vez, os imigrantes só são o elemento central da informação em cerca de metade do número total de notícias divulgadas entre anos analisados.
Quando considerada a totalidade “dos imigrantes representados nas peças, independentemente da sua presença ser breve ou central, verifica-se que quase metade das peças representam os cidadãos estrangeiros em Portugal em situações negativas como de criminalização, vitimização, pobreza, entre outras”, indicou o regulador.
A mesma tendência verifica-se com os refugiados/asilados em território nacional, que aparecem representados, sobretudo, em situações negativas como “vítimas de perseguição, pobreza e discriminação social”.
Entre as palavras utilizadas no oráculo das peças com referência ou presença de cidadãos estrangeiros em Portugal, destacam-se, entre outras, “fuga”, “anos”, “argelino”, “homem”, “morte”, “Portugal” e “aeroporto”.
A ERC sublinhou ainda que nos oráculos das notícias sobre refugiados/asilados ou exilados em Portugal sobressai “a preocupação com o acolhimento, resultante da disponibilidade que o Governo português tem demonstrado nesse sentido, bem como a preocupação com a integração, a solidariedade para com que é vítima de perseguição e as histórias de sucesso na integração”.
No caso dos refugiados a nível internacional o foco recai sobre a “tragédia” dos naufrágios no Mediterrâneo, a questão das fronteiras, a crise e a morte.
Por outro lado, as notícias com referência ou presença de religiões totalizam 18 horas da informação diária durante o período de análise e foram identificadas em 381 peças.
Os operadores privados voltam a divulgar um maior número de notícias em que a religião está presente, com quase 240 peças que perfazem, sensivelmente, 13 horas.
“Considerando apenas o conjunto das pelas noticiosas em que se regista a presença ou referências a confissões religiosas verifica-se que, em cada três, duas referem-se à Igreja Católica. Quando o catolicismo é o elemento central na informação verifica-se que a categoria de ator mais frequentada é, com grande destaque, a de líderes religiosos, sendo o papa Francisco, chefe da Igreja Católica, o ator com mais protagonismo”, revelou a ERC.
Segundo a informação disponibilizada no documento, os conflitos armados com atentados terroristas são o principal contexto em que são apresentadas notícias em que o islamismo aparece como elemento central, o mesmo verifica-se nas que dizem respeito ao judaísmo.
No que se refere ao catolicismo, entre as principais palavras presentes nas entradas dos pivôs encontram-se “papa”, “Francisco”, “Fátima” e “direto”, enquanto, no que se refere ao islamismo, o destaca vai para “Arábia”, “Saudita”, “pessoas”, “morreram”, “mesquita” e “muçulmanos”.
Já no caso do judaísmo, entre as palavras presentes nas entradas dos pivôs, encontram-se “holocausto”, “Macron” e “Paris”.
A recolha de peças entre 2015 e 2017 inclui um total de 8.313 notícias, o equivalente a mais de 332 horas de informação.
A técnica utilizada neste estudo foi a análise de conteúdo, sendo a monitorização feita por amostragem aleatória e sistemática.
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