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De Will Smith a Bruce Willis, mais "Top Gun", "Avatar", DC Comics e Netflix: as histórias marcantes de Hollywood em 2022

L.S.
28 dez 2022 10:00
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  • Will Smith tem novo projeto no cinema após bofetada nos Óscares arrefecer carreira
    L.S. · Atualidade · 15 fev 2024 12:29

    Will Smith tem novo projeto no cinema após bofetada nos Óscares arrefecer carreira

  • Will Smith leva bofetadas no novo filme "Bad Boys". Revista Variety diz que pode salvar a sua carreira
    L.S. · Atualidade · 7 jun 2024 13:25

    Will Smith leva bofetadas no novo filme "Bad Boys". Revista Variety diz que pode salvar a sua carreira

    por Nuno Antunes
Este artigo tem mais de 2 anos
Houve uma bofetada de Will Smith e grandes safanões na Disney e na DC Comics no cinema, enquanto Hollywood continuou a recuperar lentamente da pandemia com o regresso dos grandes filmes e receitas de bilheteira. O ano foi ainda o de uma vitória histórica nos Óscares para as plataformas de streaming, mas também das suas crises de crescimento.
  • Houve uma bofetada de Will Smith e grandes safanões na Disney e na DC Comics no cinema, enquanto Hollywood continuou a recuperar lentamente da pandemia com o regresso dos grandes filmes e receitas de bilheteira. O ano foi ainda o de uma vitória histórica nos Óscares para as plataformas de streaming, mas também das suas crises de crescimento.
  • Will Smith subiu ao palco da cerimónia dos Óscares a 27 de março para manifestar com uma bofetada no comediante Chris Rock o desagrado por uma piada sobre a cabeça rapada da sua esposa, que tem alopecia, que causa perda maciça de cabelo. Ainda houve palavrões, silenciados nos EUA, ouvidos na íntegra a nível internacional em vídeos que se tornaram virais. 40 minutos depois, subia outra vez ao palco para receber a estatueta de Melhor Ator por "King Richard". Seguiram-se dias de reações, discussões e debates das mais diversas personalidades da vida pública a nível mundial sobre violência, comédia, alopecia, racismo, liberdade de expressão, masculinidade tóxica ou cavalheirismo. Cinco dias depois, Will Smith demitiu-se da Academia, que mesmo assim o baniu de todos os seus eventos durante dez anos. Além de uma sondagem que registou a queda a pique da popularidade, houve ainda notícias de vários projetos colocados em pausa ou cancelados.
  • A 30 de março, as redes sociais de Bruce Willis anunciaram o fim da sua carreira por ter sido diagnosticado com afasia, um distúrbio que prejudica a fala e a compreensão de outras pessoas e, em muitos casos, também compromete a leitura e a escrita. Posteriormente, soube-se que o seu estado de saúde preocupava muitos dos que trabalharam com ele nos últimos filmes, que diziam que eram evidentes os sinais de declínio e a luta com a perda de capacidades cognitivas e incapacidade de se recordar dos diálogos.
  • Bastou um único telefonema de Tom Cruise para a Paramount Pictures dar luz verde à sequela de "Top Gun: Ases Indomáveis". E como o próprio produtor Jerry Bruckheimer reconheceu em dezembro, foi Cruise que "carregou sozinho nos ombros" a batalha com o estúdio para que se esperasse dois anos em vez de lançá-la diretamente em streaming durante a pandemia. No final de maio, o regresso aos céus 36 anos depois teve um impacto inesperado que ultrapassou todas as previsões: caso raro de uma super produção em que coincidem as opiniões dos críticos de cinema e do público, foi "Top Gun: Maverick" que trouxe de volta aos muito necessitados cinemas públicos de todas as idades. O resultado foi o maior sucesso na carreira do ator: com mais 1,4 mil milhões de dólares ao fim de vários meses, também é o 12.º filme que mais dinheiro arrecadou nas bilheteiras mundiais.
  • A saga em Pandora está de volta, encontrando uma indústria e um mercado de cinema completamente diferentes. Um dos filmes mais caros de sempre e uma aposta arriscadíssima pois estão mais sequelas em desenvolvimento, o próprio realizador James Cameron avisou que "Avatar: O Caminho da Água" precisa arrecadar cerca de 2 mil milhões para justificar o investimento... ou não haverá "Avatar 4 e 5" em 2026 e 2028. Ainda é cedo para tirar conclusões, mas 955 milhões de dólares nas bilheteiras mundiais nas primeiras duas semanas jusrtificam o otimismo. E os cinemas em crise agradecem...
  • A 2 de agosto, foi anunciado de surpresa que o filme "Batgirl" não seria lançado apesar de estar quase terminado e ter um orçamento de 90 milhões de dólares. Refletindo uma mudança de estratégia após a fusão da WarnerMedia com a Discovery Inc., outra vítima foi “Scoob! Holiday Haunt”. A decisão permitiu ao estúdio fazer uma manobra de contabilidade, assumindo os custos como prejuízo da atividade e pagar menos impostos. A decisão agitou Hollywood, que mostrou solidariedade à dupla de realizadores belga Adil El Arbi e Bilall Fallah em "choque" e aos atores, desde logo a protagonista Leslie Grace.
  • Uma das grandes surpresas de 2022 em Hollywood aconteceu a 25 de outubro: James Gunn, o realizador de filmes como “Guardiões da Galáxia” ou “O Esquadrão Suicida”, e Peter Safran, produtor de “Aquaman” ou da trilogia “The Conjuring”, foram anunciados como os principais responsáveis da DC Studios, com a missão de delinear uma estratégia para os próximos anos no cinema e TV das personagens da DC Comics. James Gunn ficará principalmente responsável pela área criativa.
  • O regresso nos últimos momentos de "Black Adam" acabou por ser um adeus: a 14 de dezembro, foi anunciado que Henry Cavill deixava de ser o Super-Homem e que James Gunn, CEO criativo da DC Studios, iria escrever um novo filme focado "numa parte anterior da vida" do super-herói. No dia 20, foi a vez de Dwayne Johnson confirmar que o seu Black Adam estava dispensado, pelo menos na "primeira fase". Outra decisão, embora tomada antes da entrada de Gunn e Peter Safran, foi cancelar "Mulher-Maravilha 3" tal como foi proposto pela realizadora Patty Jenkins. Circulam muitos rumores sobre o futuro de Gal Gadot e Jason Momoa ("Aquaman") e mais novidades estão prometidas para janeiro.
  • A Disney demitiu o seu CEO Bob Chapek a 20 de novembro, um domingo à noite e anunciou o regresso do anterior, Bob Iger, ao comando da empresa para os próximos dois anos. O anúncio surpreendeu a indústria, com Hollywood a receber a notícia com uma mistura de choque, confusão e, maioritariamente, aprovação. Mas mais do que a demissão de Chapek, foi Iger ter concordado em deixar a sua reforma com a expectativa de colocar a empresa novamente na direção, desfazendo a maioria das escolhas estruturais do seu antecessor, que ele próprio tinha escolhido.
  • Com um orçamento de 10 milhões de dólares, "CODA - No Ritmo do Coração" fez história nos Óscares a 27 de março ao ganhar Melhor Filme, o primeiro para uma plataforma de streaming, a Apple TV+, que o comprou por 25 milhões. Com isso, quebrou-se um tabu na história dos prémios (e provavelmente deixando muito infelizes Ted Sarandos e Reed Hastings, ligados à Netflix, as outras plataformas rivais e ainda os donos das salas de cinema). O filme de Sian Heder fez mesmo o pleno das três nomeações: ganhou também as estatuetas de Ator Secundário e Argumento Adaptado (na origem está a produção francesa "A Família Bélier", de 2014). Um ano depois, parece muito improvável que qualquer produção de streaming venha a estar entre os 10 nomeados para o Óscar de Melhor Filme.
  • Um fenómeno de popularidade dos cinemas entre março e maio nos EUA e a nível internacional que chegou à parte final de 2022 como um dos grandes favoritos aos Óscares de 12 de março de 2023. A história de ação e ficção científica é protagonizada pela lendária estrela do cinema de Hong Kong Michelle Yeoh como a dona de uma lavandaria a passar por uma auditoria das Finanças que é absorvida por uma batalha interdimensional e descobre um multiverso com milhares de versões suas. Realizado pela dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert, no elenco destacam-se também Jamie Lee Curtis, Stephanie Hsu e até Ke Huy Quan, o famoso miúdo Short Round de "Indiana Jones e o Templo Perdido" (1984), que há pouco tempo retomou a carreira.
  • As perguntas que se faziam antes da estreia era qual das séries seria melhor e qual ia ganhar as audiências. No final, ganharam as duas, com milhões de fãs animados com a exibição praticamente ao mesmo tempo de "House of the Dragon" (10 episódios entre 21 de agosto e 23 de outubro na HBO Max) e “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder” (oito episódios entre 1 de setembro e 14 de outubro na Amazon Prime Video). Mesmo com piadas à "escuridão" de alguns episódios da primeira, a HBO acertou em cheio com uma prequela 200 anos antes dos acontecimentos de "A Guerra dos Tronos", cuja rodagem até passou pela portuguesa aldeia histórica de Monsanto, baseada em "Fogo e Sangue", de George R.R. Martin; a segunda temporada será filmada no início de 2023. Já a Amazon, depois de desembolsar 250 milhões de dólares pelos direitos do clássico de J.R.R. Tolkien, anunciou que a série onde gastou cerca de 465 milhões era o melhor lançamento da sua história e arrancou com a rodagem da próxima temporada em outubro.
  • Com "O Esquadrão Suicida" a tornar-se a sua grande revelação internacional, foram várias notícias de Daniela Melchior a acumular projetos em Hollywood. O maior de todos é o décimo "Velocidade Furiosa", cujo orçamento terá disparado para os 340 milhões de dólares, tornando-se um dos filmes mais caros de sempre. Uma parte do dinheiro ficou em Portugal: a rodagem passou pela A24 nos distritos de Vila Real e Viseu e ainda Cacilhas, em Almada.
  • Crítico habitual do que considera ser o domínio avassalador dos filmes da Marvel na indústria, Quentin Tarantino voltou a causar polémica ao dizer que atores do Universo Cinematográfico como Chris Evans ou Chris Hemsworth não são estrelas de cinema: "Parte da 'Marvelização' de Hollywood é... temos todos estes atores que se tornaram famosos a interpretar estas personagens. Mas eles não são estrelas de cinema. Certo? Capitão América é a estrela. Ou Thor é a estrela. Isto é, não sou a primeira pessoa a dizer isto. Acho que já foi dito um 'zilião' de vezes...". Os fãs dividiram-se,vários atores da Marvel não gostaram (com destaque para Simu Liu, de "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis"), mas também se descobriu que Anthony Mackie (o Falcão e o novo Capitão América) tinha dito praticamente o mesmo que o realizador... há cinco anos.
  • Do Capitão América ao Quarteto Fantástico, passando por "Thunderbolts", "Deadpool 3" e dois filmes "Vingadores", além do regresso da série "Daredevil", a Marvel anunciou uma chuva de novidades na fase 5 e até da 6 do Universo Cinematográfico (MCU) para o cinema e TV dos próximos anos durante as convenções Comic-Con de San Diego em julho e D23 Expo em setembro. Mas a seguir "Blade" perdeu o realizador Bassam Tariq a poucas semanas de começar a rodagem, o que forçou a adiar as datas de estreia de vários projetos. Pelo meio, Harrison Ford foi recrutado pelo estúdio e houve sucessos com os regressos ao cinema do Doutor Estranho e Thor, mas "Black Panther: Wakanda Para Sempre" não teve o mesmo impacto comercial ou cultural do primeiro filme.
  • Sinais de alarme para o estúdio Disney: "Buzz Lightyear" já fora um fracasso de bilheteira, mas os resultados de "Estranho Mundo" foram descritos pela revista Variety como "catastróficos". Não há consenso sobre as causas. As reações de críticos e espectadores de que não eram da melhor "colheita" da Pixar e da Disney? Os espectadores habituaram-se a ver os filmes em casa por causa do lançamento no Disney+ durante a pandemia de "Soul - Uma Aventura com Alma", "Luca" e "Estranhamente Vermelho"? A polémica com a inclusão de personagens LGBTQ+ ou, no caso de "Buzz Lightyear", a escolha de Chris Evans para dar voz do astronauta e não Tim Allen, que fora a do brinquedo nos filmes "Toy Story"? Já uma alegada relutância das famílias em voltar aos cinemas por causa da COVID-19 viria a ser desmentida pouco depois pelo gigantesco sucesso de "Mínimos 2".
  • Criada por Alfred Gough & Miles Millar e com produção executiva de Tim Burton, que realizou os primeiros quatro dos oito episódios, "Wednesday" ficou a pouco menos de 156 mil horas de visualizações de bater a quarta temporada de "Stranger Things 4" da liderança das séries originais em inglês mais vistas de sempre na Netflix, que contabiliza as audiências nos primeiros 28 dias. Um sucesso em toda a linha, que ultrapassou até outro fenómeno da plataforma, "Dahmer– Monstro: A História de Jeffrey Dahmer". Interpretada por Jenna Ortega (das séries "Virgem Jane" e "Tu"), a série centrada na bizarra filha de Morticia (Catherine Zeta-Jones) e Gomez Addams (Luis Guzmán) segue os anos de estudante de Wednesday na Nevermore Academy.
  • Apesar de lançar séries e filmes com grande impacto 2022 foi um ano de incerteza para a Neflix perante o impacto do aumento dos preços, a concorrência forte dos rivais e o desagrado de fãs com séries canceladas. No terceiro trimestre, cresceu 2,4 milhões de subscritores, conseguindo inverter uma tendência que levou a sua cotação em bolsa a sofrer a maior queda da sua história. Após perder mais de um 1,1 milhões no primeiro semestre, avançou com cortes de custos, demitindo 300 funcionários de vários departamentos e cancelando projetos ou séries (más notícias para "Warrior Nun", com Alba Baptista), além de avançar com um modelo de assinatura mensal mais barato sustentado por anúncios, cujo impacto ainda está por revelar oficialmente.
  • Foram anos a insistir, mas Ryan Reynolds conseguiu o que queria: num vídeo nas redes sociais no final de setembro, o ator anunciou que Hugh Jackman voltará a ser Wolverine em "Deadpool 3", o primeiro filme dos dois integrado no Universo Cinematográfico Marvel. Após ser o mutante nove vezes ao longo de 17 anos, Hugh Jackman anunciara a despedida com o aclamado filme "Logan" em 2017.
  • É o maior desafio ao regime autocrático, que responde com repressão: desde meados de setembro, milhares de iranianos e cerca de 40 estrangeiros foram presos, dois homens foram executados e mais de duas mil pessoas foram denunciadas por terem relação com as manifestações após a morte, em setembro, da jovem curda Mahsa Amini, detida pela polícia da moral por não usar o véu islâmico da forma tida como correta. Atualmente, a figura presa mais conhecida a a atrair as atenções internacionais é a atriz Taraneh Alidoosti, uma das mais reconhecidas do país (protagonista de "O Vendedor", de Asghar Farhadi, premiada com o Óscar de melhor filme estrangeiro), por "não fornecer documentação para algumas das suas afirmações". Mas antes dos protestos, as autoridades já tinham colocado na prisão para cumprir penas de anos cineastas contestatários como Jafar Panahi e Mohammad Rasoulof.
  • Com uma estratégia emperrada no grande ecrã, "Star Wars" regressou em força ao Disney+ com a animação "Tales of the Jedi" e principalmente o regresso de Ewan McGregor e Hayden Christensen em "Obi-Wan" (e antes disso "O Livro de Boba Fett" ou "The Bad Batch"), mas foi "Andor" a receber os maiores elogios e a revitalizar as histórias na "galáxia, muito, muito distante" com mais maturidade. A ação situava-se cinco anos antes dos acontecimentos do filme “Rogue One” e segue a evolução do piloto Cassian Andor como agente da rebelião contra o Império. Com os regressos de Diego Luna e do ‘showrunner’ Tony Gilroy (um dos argumentistas de "Rogue One"), a primeira das duas temporadas previstas foi considerada uma das melhores séries de 2022.
  • Presente durante várias semanas nos tops, a canção "We Don't Talk About Bruno" do filme de animação "Encanto" tornou-se o maior fenómeno viral desde o hino “Let It Go” de “Frozen – O Reino do Gelo”. A coroação triunfal foi a primeira interpretação ao vivo na cerimónia dos Óscares de 27 de março com os atores e os cantores Becky G e Luis Fonsi, apesar da canção de Lin-Manuel Miranda nem sequer estar nomeada: a Disney optou por submeter à Academia outro tema do ator e compositor, "Dos Oruguitas", que era então vista como uma aposta mais segura pela sua ressonância emocional.
  • "RRR: Revolta, Rebelião, Revolução" é um épico de ação da Índia com três horas que acompanha um guerreiro corajoso e um polícia duro nos anos 1920 e a sua luta contra o domínio britânico. Começou por ser um grande sucesso no seu país que depois se estendeu pela diáspora e, com o boca a boca dos espectadores e as plataformas de streaming, chegou ao público ocidental. Após ser eleito como um dos melhores do ano pelas associações de críticos nos EUA, tem sido um dos filmes mais presentes na temporada de prémios de Hollywood e com expectativas legítimas de entrar na corrida aos Óscares. Realizado por S. S. Rajamouli, tem o pormenor bizarro de estar disponível na Netflix em Portugal, mas ser necessário... mudar a língua da plataforma para inglês.
 
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